Lucio Santana: do entregador à liderança de empreendedores brasileiros nos EUA

Pop Journal
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Quando desembarcou em Pompano Beach, na Flórida, em 9 de maio de 1998, Lucio Santana jamais imaginava que sua história como imigrante renderia não apenas sucesso nos negócios, mas também um legado de transformação pessoal e espiritual. Hoje, à frente da Jornada do Empreendedor Imparável, ele compartilha suas experiências para inspirar outros brasileiros que buscam prosperar nos Estados Unidos.

A virada na trajetória de Lucio veio após anos de trabalhos simples. “Achei que tinha vencido quando deixei de ser entregador de jornal, entregador de pizza, pintor e vendedor de telefone — eram quatro coisas que eu fazia ao mesmo tempo”, relembra. A primeira sensação de vitória chegou quando começou a trabalhar com vendas de financiamentos, algo mais alinhado ao seu perfil comunicativo. “Ali, achei que tinha vencido. Era bom demais”, diz.

Mas a percepção do que significa realmente vencer mudou com o tempo. “Nos últimos três anos, entendi que tudo o que eu achava que fazia sentido pra mim como homem, empresário e pai era muito raso”, reconhece. Para Lucio, sucesso verdadeiro envolve uma integração de dimensões pessoais, espirituais e coletivas. “É impossível encontrar plenitude só nos negócios. Quem não transborda, não compartilha, não se relaciona, pode até estar bem espiritualmente, mas não plenamente”, afirma.

Essa visão mais ampla do sucesso se reflete na Jornada do Empreendedor Imparável, projeto criado para apoiar homens brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Entre os inúmeros casos de transformação que já presenciou, Lucio destaca histórias marcantes. Em uma delas, um participante chegou completamente sem perspectiva, após lidar com tentativas de suicídio na própria família. O acolhimento foi decisivo para o recomeço. “Ele pôde entender que não estava sozinho. A autocondenação é o maior empecilho. Quando você acolhe e é vulnerável com a pessoa, ela entende: ‘não sou tão ruim assim’. E aí começa o processo de restauração”, explica.

Outro episódio comovente envolveu um homem em depressão profunda. “A esposa me disse que tinha medo que ele se matasse. E eu percebi que era mais simples do que eu imaginava: acolhe, abraça, diz ‘tô com você’. E só. Não precisa mais nada.”

Para Lucio, a essência da Jornada está justamente em oferecer um ambiente seguro. “É acolhimento, crescimento e transformação. Às vezes, dar uns trancos também. Mas, antes de tudo, é ser um lugar onde o cara pode respirar e dizer: ‘não tô sozinho’.”

Uma das metáforas que costuma usar nas mentorias traduz bem seu método. “Digo pra eles: a transformação é como uma gravidez. Nos primeiros três meses, ninguém acredita. Nem você. Mas, se sustentar, depois de um tempo a barriguinha aparece. E aí os outros começam a acreditar. E você volta a acreditar em si mesmo.” A metáfora, aliás, inspirou o título do seu livro, Autogestação.

Ao orientar brasileiros que tentam empreender ou investir nos EUA, Lucio alerta para erros comuns. Segundo ele, o principal equívoco é tentar replicar o modelo brasileiro no mercado americano, sem considerar as diferenças culturais e legais. “Aqui é outro país, outra cultura, outra legislação”, enfatiza.

Outro problema frequente é o excesso de confiança. “Muita gente acredita que aqui ninguém faz nada errado. Esquece os cuidados básicos que tinha no Brasil e acaba caindo”, adverte. Além disso, o idioma e a cultura limitam o alcance de muitos imigrantes. “Por conta do inglês, ficam presos à comunidade brasileira e acham que não têm o mesmo direito que os americanos. Mas isso é uma crença limitante.”

Para Lucio, a espiritualidade e o autoconhecimento são peças fundamentais do sucesso. “Sem conexão espiritual e sem autoconhecimento, a chance de fazer bons negócios diminui muito. Negócio e espiritualidade não são coisas separadas. Quanto mais sensível espiritualmente, melhor você se posiciona nos negócios”, garante. E completa: “Se você não se conhece, não consegue ter relacionamento. Nem com os outros, nem com Deus.”

Ao pensar em como gostaria de ser lembrado, Lucio não cita os papéis de empresário, mentor, investidor ou pai de família. “Quero ser lembrado como um homem que viveu tudo o que enxergou que Deus tinha pra ele. Fiz o que entendi que precisava fazer, sem medo do que iam falar. Errei? Sim. Fui criticado? Sim. Mas não parei. E é isso que eu quero que lembrem: que eu não parei. Jamais.”

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