Em um cenário onde a arte muitas vezes busca o novo e o inusitado, o trabalho de Jorge Rosa emerge como um poderoso testemunho da capacidade humana de transformar adversidade em beleza. Artista plástico autodidata e profundamente enraizado em sua cidade natal, Duque de Caxias, Jorge não apenas cria; ele ressignifica, tecendo narrativas visuais a partir do que muitos considerariam o fim.
A trajetória artística de Jorge não nasceu de um plano premeditado, mas de um momento de ruptura. Há alguns anos, uma crise de mercado forçou o fechamento de sua fábrica, deixando para trás não apenas um sonho desfeito, mas também um vasto inventário de materiais: couro, miçangas, linhas. O que para outros seria um fardo ou um resíduo indesejável, para Jorge Rosa tornou-se a matéria-prima de uma nova vida, uma tela em branco para um recomeço inesperado.

Foi nesse ponto de virada que a arte se apresentou como um caminho de reconstrução. Com as mãos e a mente, Jorge começou a dar uma nova voz a esses insumos, transformando o que era excesso em obras carregadas de história, textura e um profundo sentimento de superação. Cada peça é, portanto, mais do que uma composição material; é um fragmento de sua própria jornada, um símbolo tangível de resiliência e inventividade. Seus trabalhos são um convite à reflexão sobre o valor do que é reaproveitado e a beleza que pode ser encontrada na metamorfose.
Mas a visão de Jorge Rosa vai além de seu próprio ateliê. Entre 2015 e 2016, enquanto buscava tratamento oftalmológico no prestigiado Instituto Benjamin Constant, ele descobriu as oficinas de arte oferecidas aos alunos da instituição. Sensibilizado pela iniciativa e com um desejo inato de compartilhar sua paixão, Jorge conversou com os responsáveis e, em pouco tempo, começou a fazer visitas semanais. Ele formou uma turma de alunos interessados em aprender essa rica atividade ocupacional, partilhando não apenas técnicas, mas também a filosofia de que, com dedicação e criatividade, é possível transformar e ser transformado.

A arte de Jorge Rosa, portanto, é um eco de sua própria vida: um caminho forjado na adversidade, onde materiais esquecidos ganham nova dignidade e histórias pessoais se entrelaçam em criações inspiradoras. É uma arte que fala de renascimento, de persistência e do poder inerente ao ser humano de encontrar luz mesmo nos momentos mais desafiadores.
E as fronteiras para essa arte de ressignificação estão se expandindo. O público terá a oportunidade de apreciar o trabalho de Jorge Rosa em uma celebração internacional. A AVAGalleria o convida para participar de uma Exposição que celebrará os 130 anos de Amizade entre Brasil e Japão, a qual acontecerá de 30 de setembro a 05 de outubro, em Osaka, Japão, sob a curadoria de Edson Cardoso. Após a temporada japonesa, as obras seguirão para Helsinki, onde também serão expostas, levando a mensagem da arte brasileira e da resiliência de Jorge Rosa para o cenário europeu.
Para conhecer mais sobre as obras e projetos de Jorge Rosa, siga seu trabalho no Instagram: @jorgerosa.arte.
