Hebe, a Estrela do Brasil

8 min. leitura

Desde o início, quando a televisão chegou ao Brasil, em 1950, a mulher sempre teve um papel importante em seu desenvolvimento. A presença feminina constante na televisão brasileira possibilitou que a sociedade pudesse debater o papel da mulher. E com Hebe Camargo não foi diferente, presente no nascimento da TV no Brasil, mostrou-se sempre uma mulher à frente de seu tempo com o seu jeito irreverente de ser.

Nascida em Taubaté, interior de São Paulo, no dia 8 de março de 1929, ela foi ao longo de sua vida atriz, apresentadora, cantora, radialista e humorista. Seu maior trabalho foi o talk-show, com seu próprio nome e que ficou no ar por incríveis 46 anos. No entanto, além dele, ela fez diversos outros projetos que marcaram sua carreira. 

O Início promissor:

Hebe no início de sua carreira (Foto: Divulgação)

Apesar de ser conhecida como loira ao longo de sua vida, Hebe nasceu morena e iniciou a carreira no mundo do entretenimento muito cedo. Com apenas doze anos, ela se apresentava vestida de Carmen Miranda em programas de calouros. Além disso, participou do grupo “Dó-Ré-Mi-Fá” e, posteriormente, formou uma dupla com sua irmã, Stela, chamada de “Rosalinda e Florisbela”.

Aos quinze anos, ela já se apresentava como cantora em boates e, aos dezesseis, gravou o seu primeiro disco. Graças às canções “Oh! José” e “Quem Foi Que Disse”, ela passou a ser conhecida como “a moreninha do samba”.

A participação do nascimento da TV:

A estrela participou do lançamento da primeira emissora de televisão brasileira, a TV Tupi, em 1950, ao lado do fundador, Assis Chateaubriand. Naquela época, ela chegou a ser convidada para cantar o hino nacional durante a primeira transmissão ao vivo, no entanto, ela não compareceu e foi substituída por Lolita Rodrigues, que viria a se tornar uma de suas melhores amigas. 

O Primeiro programa na TV:

Hebe tinha apenas 26 anos quando foi chamada pela TV Paulista, concorrente da Tupi, para apresentar o programa “O Mundo é das Mulheres”, a primeira atração brasileira voltada para o público feminino. A oportunidade veio por conta de sua ascensão como cantora e de sua simpatia pura. Lá, a apresentadora já discutia o papel das mulheres na sociedade, que era ainda mais machista do que hoje em dia. 

Passados alguns anos, Hebe deixou a televisão para focar em sua carreira musical e fazer tratamentos de fertilização, já que desejava ser mãe, sendo que ela conseguiu engravidar apenas em 1965, tendo dado a luz a Marcello Camargo, seu único filho.

O Início de seu reconhecimento:

Hebe na década de 70, em seu programa na Band (Foto: Divulgação / Band)

Em 1966 decidiu retomar a carreira na televisão e assinou com a Record TV, estrelando o seu programa dominical “Hebe”, acompanhada do músico Caçulinha; o programa a consagrou como entrevistadora e a tornou líder absoluta de audiência da época. Durante a Jovem Guarda muitas personalidades e novos talentos passaram pelo “Sofá da Hebe”, no qual eram entrevistados em um papo descontraído. Seus temas preferidos na época eram separações, erotismo, fofoca e macumba. 

Hebe teve a oportunidade de atuar como atriz em sua única telenovela, “As Pupilas do Senhor Reitor”, também na Record TV, mas decidiu não dar continuidade à carreira de atriz, que logo em seguida, voltou a condução de seu programa na TV Tupi e depois na Band.

Hebe no SBT e a sua consolidação para o sucesso:

Hebe em seu primeiro programa no SBT (Foto: Divulgação / SBT)

Em 1986, Hebe chegou a emissora de Silvio Santos e por lá comandou três programas, entre eles o clássico talk-show que levava o seu nome. O formato consistia no protagonismo da apresentadora, que recebia convidados para pequenos debates e apresentações musicais: todos se sentavam em um confortável sofá. 

Em seu programa, Hebe Camargo diversas vezes chegou a expor sua visão sobre a política e questões sociais. Nos anos 80, ela defendia os direitos LGBTQIA+ abertamente em rede nacional, dizendo que todos são humanos e que merecem respeito da mesma forma. Confira a sua opinião no vídeo do programa “Roda Viva” a partir de a partir de 42:20 (https://youtu.be/YvE09tDb_Ls)

Apesar de opiniões polêmicas, Hebe nunca deixou o carisma de lado e conquistava o público através de suas marcas registradas como o famoso “selinho” em diversas personalidades, e os seus famosos bordões entre eles “lindo de viver”, “que gracinha” e “fofura”.

Em 2010, ano que a apresentadora se recuperava de um câncer. Ela põe um fim a sua relação com o SBT, deixando a emissora no fim do ano, logo após o especial de ano novo de seu programa. 

A Nova fase na RedeTV e o seus últimos passos:

Hebe interagindo com os jornalistas (Foto: Divulgação)

Em 2011, Hebe passa a apresentar novamente o seu programa, desta vez, na RedeTV!. O programa possuía o mesmo formato do seu programa na antiga emissora sendo exibido às terças-feiras. 

Porém a passagem na sucessora da Rede Manchete durou pouco e chegava ao fim. Após reclamar do atraso de salários, a apresentadora retornava ao SBT, mas a sua nova passagem foi interrompida em decorrência de sua morte.

Hebe falecia no dia 29 de setembro de 2012, em São Paulo, aos 83 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória de madrugada, enquanto dormia.

O Legado de Hebe pós-morte:

Andréa Beltrão como Hebe Camargo no filme da apresentadora (Foto: Divulgação/ GloboFilmes)

Hebe não deixou de ser reconhecida pelo povo brasileiro. Em 2012, a apresentadora ganhou um documentário que apresentava depoimentos e os melhores momentos de sua vida. 

Além disso, Hebe ganhou um filme baseado em sua vida e carreira que seria produzido e dirigido por Cacá Diegues, sendo posteriormente substituído por Maurício Farias. A atriz Andréa Beltrão interpretou a apresentadora e Daniel Boaventura interpreta Silvio Santos.

Na cultura popular, Hebe também foi homenageada com uma exposição que levava o seu nome, recordando a carreira da cantora e apresentadora que marcou a história da televisão brasileira. 

Apesar do seu forte pensamento e opiniões a frente do seu tempo, é inegável o talento de Hebe, tanto que ela já ganhou inúmeros prêmios como o Troféu Imprensa e a partir daí, a rainha da TV deixou o seu trabalho mais vivo do que nunca, tornando-se uma verdadeira inspiração para os futuros comunicadores.

Gabriel Ferreira – Estudante de Jornalismo

Deixe um comentário
Cadernos
Institucional
Colunistas
andrea ladislau
Saúde Mental
Avatar photo
Exposição de Arte
Avatar photo
A Linguagem dos Afetos
Avatar photo
WorldEd School
Avatar photo
Sensações e Percepções
Marcelo Calone
The Boss of Boss
Avatar photo
Acidente de Trabalho
Marcos Calmon
Psicologia
Avatar photo
Prosa & Verso