O movimento secundarista de 2015 e 2016, quando estudantes ocuparam as escolas públicas de São Paulo para protestar contra o desmonte da educação, serviu como inspiração para a criação do espetáculo jovem Entre-Cy, do Grupo Teatral Saga. A peça, que tem texto de Felipe Dias Batista e direção de Mônica Augusto, faz curta temporada de 1º a 9 de outubro no Teatro Alfredo Mesquita.
O trabalho nasceu de um estudo sobre a peça “Cyrano de Bergerac”, do poeta e dramaturgo francês Edmond Rostand (1868-1918), iniciado em 2009, quando a companhia teve contato com o texto e apresentou experiências a partir da obra em eventos como o festival Satyrianas e a Bienal de Arte de São Paulo.
Durante a pandemia de Covid-19, os artistas voltaram a visitar o autor e começaram a investigar formas de diálogo da história com os dias atuais. Assim, em 2020, surgiu o projeto “A História de Cy”, construído com narrativas das questões que rodeiam o imaginário infanto-juvenil, mesclado com a teatralidade audiovisual e as memórias dos atores.
E, agora, “Entre-Cy” é criado como uma segunda proposta de diálogo com a juventude, trazendo como plano de fundo as circunstâncias precárias nas quais a educação pública se encontra e os protestos da juventude já mencionados.
A trama acompanha três amigos que estão no último ano do Ensino Médio e decidem se juntar para ocupar sua escola, que está abandonada pelo poder público. Três adolescentes enclausurados numa sala de aula, na luta legitimada por suas convicções, terão que enfrentar medo, ciúmes e segredos. Eles tentam permanecer unidos motivados pelo amor e pela amizade que construíram ao longo dos anos.
“Dentro da nossa ficção, essa é a última escola pública do país. Essa atitude deles é uma reação contra um projeto perverso de sucateamento do ensino público. Num primeiro momento, sozinhos, resolvem confrontar um ‘CYstema’ que quer privatizar e mercantilizar as relações entre professores, estudantes e a própria rede de educação. Ao longo dos dias na ocupação, eles percebem que não estão tão sozinhos assim”, antecipa o autor Felipe Dias Batista.
A ideia da peça, ainda segundo Batista, é discutir temas como a precarização do sistema de educação, as transformações difíceis da adolescência e a força do levante da juventude. “Em meio a todos esses confrontos externos e internos, as três amigues resgatam daquele espaço/memória que é o prédio da escola, seus anseios, angústias e segredos. São três jovens, tentando encontrar seu lugar no mundo e descobrindo juntes sobre o processo de amadurecer”, explica.
Em cena, os personagens constroem e desconstroem memórias daquilo que já viveram ali na escola, e do que não querem mais viver, antecipa o autor. “A encenação convida o espectador a olhar para uma sala de aula e recriar seu imaginário sobre aquele espaço. É um convite para que o público construa, junto com aqueles três adolescentes, uma nova forma de ver além dos muros da Escola”, acrescenta.
Sobre o Grupo Teatral Saga
A história do grupo teatral Saga se inicia com uma ação voluntária no instituto GAPA (Grupo de Apoio a portadores de AIDS) com o espetáculo Pluft, o fantasminha, de Maria Clara Machado, em 2004. Desde então, os integrantes passaram a investigar a arte teatral juntos através de workshops com fragmentos de peças e títulos de interesse comum ao grupo.
Alguns textos como Boca de Ouro, Otelo, O Auto da Compadecida, Hamlet, A gota d’água e a Mãe Coragem, permearam os primeiros anos de pesquisa do grupo e despretensiosamente os levaram de encontro com importantes programas de políticas afirmativas como o Programa para Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) e o projeto Vocacional que evidenciou o amadurecimento do grupo e ampliou muitos horizontes que levaram à circulação de espetáculos ao longo desses 18 anos, completados recentemente.
Esta longa caminhada se deu também por grande parcerias com artistas orientadores, sendo elas, Alejandra Sampaio, Bárbara Campos, Elisa Band, dentre outros nomes.
Em 2009 o grupo mergulhou na história de Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand e este trabalho, por sua vez, fomentou experiências que os levou a compartilhar o resultado desse processo nas Satyrianas, Bienal de Arte de São Paulo, Projeto Encontros no Metrô de São Paulo e Festival Humbalada. Este título nos contemplou no programa VAI em 2010.
Os anos do grupo se seguiram com outros projetos e após um hiato, os integrantes retomam no cenário pandêmico o encontro com o texto de Edmond Rostand como mote criativo para ressignificar a história, dialogando com os dias atuais. Em 2020 o novo projeto intitulado “A História de Cy”, foi contemplado pelo Proac Lab, e foi construído com narrativas das questões que rodeiam o imaginário infanto-juvenil, mesclado com a teatralidade audiovisual e as memórias dos atores. Entre-Cy nasce em 2021 como uma segunda proposta de diálogo com a juventude.
Sinopse
Três estudantes ocupam a última escola pública do país contra o desmonte da educação no país. Três adolescentes enclausurados numa sala de aula, na luta legitimada por suas convicções, eles ainda terão que enfrentar o medo, ciúmes, segredos e permanecerem unidos motivados pelo amor e pela amizade de anos.
Ficha Técnica
Texto e Argumento: Felipe Dias Batista
Dramaturgia e adaptação coletiva do texto: Grupo Teatral Saga
Direção Cênica: Mônica Augusto
Elenco: Catarina Milani, Cícero de Andrade, Karla Mariana e Manu Figueiredo
Produção Executiva: Catarina Milani, Felipe Costa e Manu Figueiredo
Direção de Arte e Assistente de Produção: Adolfo Bortolozzo
Execução de Cenário: Urso Cenografia
Direção Musical: Laruama Alves
Trilha Sonora: Léo Nascimento
Operação de Som: Leandro Wanderley
Criação e Operação de Luz: Jean Marcel
Fotografia e Captação de espetáculo: Noélia Najera
Produção de vídeos: Diego Aristizábal
Edição de vídeos: Flávio Barollo
Operação de Vídeos: André Papi
Designer Gráfico: Vinícius Foscaches
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Mídias Sociais: Laysa Padilha
Agente de Formação de Plateia: Renata Garducci
Serviço
Entre-CY, do Grupo Teatral Saga
Temporada: De 1º a 9 de outubro, aos sábados e domingos, às 16h
Teatro Alfredo Mesquita – Avenida Santos Dumont, 1770, Santana
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes da sessão
Classificação: 10 anos
Duração: 55 minutos
Acessibilidade: 02 lugares para obesos e 02 lugares para cadeirantes