Pensar no amor romântico nos faz refletir sobre amores eternos, felizes idealizações e expectativas de cumplicidade infinita.
A modelo internacional Gisele Bündchen expôs sua realidade, acerca do “amor romântico”, ao falar pela primeira vez, sobre a sua separação do jogador americano Tom Brady.
A brasileira descreveu a dor de ver o sonho de amor intenso, eterno e da construção de família perfeita, se desfazer após 13 anos de casamento. Uma mistura de sentimentos que ferem e levanta muitas reflexões.
Sentimentos saudosos de pessoas queridas que se desligam e o sofrimento por reviver na memória essa perda emocional que gera o luto romântico. Luto do desejo do amor infinito.
Mas porque luto? O luto é uma experiência profunda e individual que se define pela capacidade de enfrentamento da partida do outro. É o estado de recolhimento. E esse estado passa por algumas etapas, das quais naturalmente, o ser humano, vivencia conforme sua individualidade.
Alguns com mais, outros com menos intensidade conforme a estrutura sentimental de cada um, ao aprender a lidar com as etapas nas quais o luto se apresenta. Mas, se cada uma delas for bem elaborada, o indivíduo poderá alcançar um equilíbrio consciente, apesar de toda dor envolvida.
Vamos então à uma breve análise das fases desse luto romântico: a primeira fase do luto é a negação, onde as pessoas negam a situação para combater as emoções que estão experimentando por causa da separação.
A raiva é a segunda etapa, que ocorre quando os efeitos da negação começam a se desgastar. A raiva envolve uma efusão de emoções da pessoa que sofre, que pode sentir-se irritada com a pessoa que a deixou ou com o que possa ter perdido.
Em seguida, temos a fase de negociação. Uma negociação na qual a pessoa pode experimentar pensamentos do tipo “se apenas…”.
Na quarta fase do luto temos a depressão, que surge quando as pessoas têm de enfrentar os aspectos práticos da sua perda.
E por fim, temos a fase da aceitação, quando após externar sentimentos e angústias, reavivamento de memórias do relacionamento, positivas ou não, a tendência é que a pessoa aceite sua condição e comece a elaborar estratégias pessoais de adaptação dentro de sua nova realidade.
Mas atenção: resistir e pular etapas pode fazer com que o sofrimento seja prolongado e gere assim, traumas emocionais. Por esse motivo, é importante vivenciar o luto, entregar-se à dor e chorar, se sentir vontade. Respeitando claro, o tempo de cada um.
Somos seres individuais e cada um irá agir de uma maneira. A maneira como compreendemos o momento do luto ou da separação, pode ser crucial.
Se expressar sobre o luto é importante, já que, psicologicamente não poder manifestar sua dor é uma agressão e pode alimentar outras dores somatizadas com angústia. Verbalizar é o que vai ajudar a elaborar e a sair do luto romântico mais rápido. É um recurso muito positivo e muito saudável. Falar e ouvir sua dor.
Enfim, Gisele Bündchen ao abrir o coração, mostrou que a elaboração do luto romântico de uma sepração, leva o tempo interno que cada um necessita, sem culpas. A tolerância à frustração, a capacidade de adaptação e a resiliência são características muito humanas, que podem facilitar o aceite dessa nova realidade.
Sabemos que a vida não é um contínuo estático, vivemos em uma constante mudança e o ser humano, nesta perspectiva, pode ser capaz de seguir em frente nas situações mais adversas.
O importante não é cair, mas voltar a se levantar. Mas, se essa elaboração for difícil, o mais recomendável é buscar a psicoterapia para que se possa desenvolver uma visão mais realista do processo de separação e conseguir dar lugar a uma maior serenidade, através do enfrentamento consciente da nova condição de vida.
Psicanalista (SPM); Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras –cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei); professora na graduação em Psicanálise; embaixadora e diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói; membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza; professora associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; professora associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites; graduada em Letras – Português e Inglês pela PUC de Belo Horizonte.