Há quase dez anos atrás quando a Marvel no cinema já estava começando a mostrar seus sinais de desgaste na fórmula que vinha sendo construída em seus filmes, eis que veio um filme tão bom e refrescante como Capitão América 2: O Soldado Invernal que marcou a estréia dos Irmãos Russo no Universo Marvel, realizando no que ainda discutivelmente é ainda o seu melhor filme, onde mesmo que longe de ser perfeito ou sequer puramente excelente, fez o seu trabalho competente de ser um baita filme de ação, com bons toques de thriller político, que seguia a cartilha de filmes como Dias de Condor, adaptações de Jack Ryan como Jogos Patrióticos, e até os filmes Jason Bourne com sua ação frenética e câmera nervosa que busca te coloca na ação e sentir cada soco.
Assim como trazia o personagem do Capitão América e os valores morais característicos que definiam em todo seu lore para o mundo atual, onde pouco espaço havia para o humor invasivo de outros filmes da Marvel e carregava uma trama centrada em temas de liberdade se perdendo em uma realidade movida aos medos e tensões de guerra que traziam o pior daqueles que regem esses poderes, dentro do espectro político e da corrupção encarnada pela Hydra. E agora, já em outros tempos e a fórmula já se desgastada em modo de repetição constante, que até afetou e deixou a primeira aposta da Marvel em série com Wandavision fraquejar em sua primeira aparência; Falcão e o Soldado Invernal traz algo de real frescor. Uma série que se constrói como um extenso longa-metragem blockubuster, e com produção digna de um, e que em seu cerne, segue os mesmos passos e elementos que fizeram de Soldado Invernal um filme tão especial e que com certeza botam a série nesse rumo.
Tomando continuidade do Universo Marvel se passando logo após os eventos de Vingadores: Ultimato e a vitória dos Vingadores contra Thanos e revertendo o efeito do “Blip” sob toda a humanidade, encontramos Sam Wilson (Anthony Mackie) ainda atuando como o Falcão, cumprindo missões para o governo como um Vingador, tal e qual Steve Rogers se encontrara fazendo lá em Soldado Invernal. Mas que ao receber o manto de Capitão América que Steve lhe confiou, luta com essa idéia desde sempre e decide dar o escudo ao governo dos EUA para uma exibição em um museu e deixá-lo, assim como o símbolo do Capitão América, parte da história. Enquanto que Bucky Barnes (Sebastian Stan) faz terapia exigida pelo governo que deram seu perdão oficial, onde discute suas tentativas de reparar seu tempo como um assassino com lavagem cerebral, o Soldado Invernal que ainda o assombram em sonhos e memórias dolorosas.
Mas ambos são forçados a deixar seus conflitos pessoais, que ainda os perseguem em suas missões, quando o dever os chama na forma dos Apátridas, um grupo terrorista que acreditava que a vida era melhor durante o Blip e se descobre que são formados por Super Soldados como Bucky e Steve, e a dupla como todo bom buddy-duo tem que esquecer as diferenças que criam conflito entre si e trabalharem juntos para desvendar as razões por detrás do grupo, como conseguiram um soro já extinto e quem os chefia. Enquanto isso, o governo anuncia o novo Capitão América – John Walker (Wyatt Russell), trazendo ainda mais tensões por detrás de toda a trama que se constrói a partir daí!
Tão sério e sombrio… isso é da Marvel?!
Comandado pela competente Kari Skogland dirigindo todos os episódios, e o showrunner Malcolm Spellman coordenando a história, temos uma série que não perde tempo desde o inicio para apresentar sobre o que ela é, seja com o Falcão em uma enorme cena de perseguição aérea, intercalando com Bucky em um consultório sendo basicamente posto na parede para desabafar sobre coisas que ele prefere se sufocar do que por para fora; ambas vertentes que dividem o macro e o micro que a narrativa explora com seus personagens e o universo à sua volta. Pode ser ainda um universo de super-heróis com conflitos em grande escala, mas a série parece mais interessada nos conflitos internos, seja com os bastidores governamentais, quanto na vertente de seus protagonistas e suas próprias visões e embates pessoais, e mais tarde, também até a dos antagonistas.
Lembra até a piada que o Deadpool fazia com o Cable no segundo filme dizendo que ele era tão sombrio que parecia um personagem da DC, e por mais milagroso que possa soar para um filme da Marvel, temos exatamente doses certas disso aqui. Não só pela dose bem pontuada de humor que nunca seja invasivo e sim aparecendo nos momentos certos, e de personagens até inesperados, mas também ao ver como a narrativa aborda os efeitos do Blip, que deixou metade da humanidade desvanecer em pó, para depois todos considerados mortos retornarem como se nada tivesse acontecido depois de cinco anos, e explorar nas suas entrelinhas as repercussões políticas que tal evento mundial se teve no espectro social e político do mundo, que leva aos conflitos com os Apátridas.
Formado por ex-refugiados sem pátria que após o Blip, foram recebidos por países por causa de questões econômicas e demográficas. Mas quando os heróis venceram e reverteram o efeito do Blip trazendo todos os “mortos” de volta, os refugiados foram expulsos, ficando sem nação. E esses que foram expulsos e se organizaram pra se vingar e sua busca seu “direito no mundo”, com a ajuda do soro fornecido pelo misterioso fornecedor. Basicamente, é novamente a Marvel fazendo o que relativamente sempre fez bem de ter mesclar elementos do mundo dos quadrinhos, e colocá-los em uma roupagem pé no chão. Mesmo que as coisas não sejam tão diferentes, no que se refere às tensões raciais que a série explora e busca servir como um espelho da atual realidade.
Isso já vem com certa força no primeiro episódio – “New World Order“, ao explorar o espectro social de Sam e sua irmã Sarah quando eles não conseguem um empréstimo para salvarem o barco da família, e continua no segundo episódio – “The Star-Spangled Man“, quando Sam, mesmo sendo um conhecido Vingador, é parado pela polícia. Embora isso apareça meio que do nada e de forma nada natural, o que acaba deixando nos próximos dois episódios seguintes esse o sub-discurso que a série quer explorar, perder total força e ficar ali apenas como uma obrigação que nada tem muito haver com o restante da trama principal envolvendo os Apátridas.
Mas que encontra seu ponto focal quando se introduz o personagem de Isaiah Bradley (Carl Lumbly), um super-soldado veterano que lutou contra o Soldado Invernal na Guerra da Coréia, que fora preso e usado para experimentos pelo governo dos EUA e por Hydra por 30 anos, o que apenas o levou a viver uma vida em amargura para com a “América branca” que o negligenciou e o apagou da história. E os questionamentos que ele traz para Sam e seu arco aqui explorado que acabam se tornando um dos fortes pontos de destaque dramático na série!
Ação, Heróis e mais indagações de sobra!
Drama e tramóias políticas complexadas que ainda encontra espaço para deixar-se fluir um perfeito senso de entretenimento, seja nas ótimas cenas de ação que carregam toda a energia frenética de se esperar de uma série que prometia seguir o espírito dos filmes do Capitão América, e que o cumpre ao entregar a cada episódio pelo menos um momento de ação pra te deixar excitado torcendo que nem torcida organizada por cada soco e chute trocado na tela com a câmera frenética, mas sem a máquina de picotes e câmera tremida atrapalhada dos Russo e sim algo sempre fluído e brutal.
Algumas tocando diretamente com o drama da história, vide os intensos minutos finais do 4º episódio, ou como no terceiro episódio, “Power Broker“, que é tudo que se esperava dessa série em apenas 50 minutos. Sam e Bucky indo para fora do país em missão internacional; se infiltrando no submundo do crime na pequena nação Madripoor, a cidade-ilha-santuário do crime, recheado de humor e ação ala John Wick estourando nos últimos minutos, com Sharon Carter aparecendo pra chutar algumas bundas em plano-sequência interruptos, não à toa foi um dos episódios roteirizados por Derek Kolstad (roteirista da trilogia John Wick).
Mas em meio à diversão pura, o que se tira desse episódio é mesmo a parceria inesperada que a dupla forma com o, agora oficialmente ‘Barão’, Zemo (Daniel Brühl), com o personagem não só se apresentando MIL vezes com uma melhor presença e caracterização aqui do que quando o vimos pela última vez em Guerra Civil, como roubando cenas seja pelo seu humor ácido sarcástico tirando sarro educadamente dos dois heróis, como mostrando uma personalidade com real distinto nobre, que respeita seus oponentes e se mantém leal a sua missão, mesmo que com claras segundas intenções e sempre mantendo um ar de imprevisibilidade a cada linha de diálogo que sai de sua boca.
Já o 4º episódio, “The Whole World Is Watching“, é onde as coisas começam a ficar acirradas e a série descarta uma face limpa e clara sobre o que ela se trata, uma subversão da própria idéia do ser herói no escopo geológico e social da atualidade! Enquanto WandaVision passou semana após semana reformulando diferentes estéticas televisivas para dar o tom metalingüístico/lúdico e vistoso para a série, enquanto se entrelaçava em um mistério que acabou não dando em nada de especial e apenas zombou da cara do espectador; Falcão e o Soldado Invernal troca um foco estético apurado ou se dedica a questionar o complexo industrial dos super-heróis que já o próprio se perdura dentro do universo Marvel de forma autoconsciente.
Se de certa forma os Apátridas servem como representação alegórica pros imigrantes que sofrem com o caos do imperialismo, que nesse caso, é o governo e poder cujos heróis como Sam e Bucky, mas principalmente, o Capitão representam! Mesmo que sem a presença do mesmo, o titulo e o representante simbólico sobre o que é o Capitão América ronda ainda a série e seus personagens por cima, e onde seus próprios idéias e a nação que ele defendia, tem seu valor questionado e quanto os mesmos representam realmente na atualidade!
Misture a isso os Apátridas, vitimas cujas motivações são compreensivas, mas cujas ações beiram além do extremo; a história dos experimentos em Isaiah Bradley e sua existência durante todo o período conhecido do MCU e apenas agora revelado uma dura verdade; e John Walker, o veterano de guerra claramente afetado em nível pós-traumático, é o homem vestindo o traje e levando o escudo do Capitão América; e com tudo isso você tem em Falcão e o Soldado Invernal e uma das histórias mais complicadas que o MCU realizou até hoje! Que impõe perguntas diretas sobre a alma da América, idéias e argumentos colidem a cada episódio de forma crescente, que deixa a série instigante, mesmo quando se perde ou apressa em sua própria construção de misturar temas impactantes e ação nem sempre de forma comedida, mas só por conseguir injetar esse nível de raciocínio em uma série tão mainstream quanto um programa de TV da Marvel é poderoso por si só!
Mas o ponto mais benéfico em meio a tudo isso, ainda mais por se tratar de um projeto com visões parciais nas visões e temas políticos que traz à tona, a série tem pontos extras por não seguirem o percurso usual de projetos similares em buscar tratar os seus antagonistas com ar caricato vilanizado ou comicamente exagerado, e aqui simplesmente não vilanizam o personagem de Walker à uma figura caricata como parecia ser logo no primeiro episódio e que de cara prometia ser um dos antagonistas principais da série, mas não é bem assim!
E sim o mostram como um soldado bem intencionado, que tem real amor e parceria pelo seu parceiro Lamar e tem seus idéias no lugar certo em seu dever, tanto que se se mostra disposta querer trabalhar junto com Barnes e Wilson, que o recusam por não acharem ele ser um digno para o manto e escudo do Capitão América, o que deixa sua sobrecarga de efeitos pós-traumáticos só aumentarem e o levarem pro caminho do extremo errado que ele jurou defender.
Foi um soldado que pode ter agido errado no passado, e continua errando. Dentro do contexto da série, Walker se apresenta como um representante do conflito racial e do patriotismo americano. Ele é um produto dos militares e às vezes parece desconectado de seu próprio caminho na vida – é discutível se ele escolheu ser o Capitão América por crenças morais ou aceitou o papel por dever para com o sistema que o moldou. O que o leva ao ponto de perder pessoas que ama e ser traído pelo mesmo governo que ele devotou toda sua vida, em busca de um ideal no qual foi enraizado e se tornar o próximo e integro Capitão América.
Mas se o próprio era um produto dos ideais de seu tempo, e no presente não durou muito tempo ficando sob as rédeas do mesmo governo movido à interesses imperialistas de dever e poder, e que o perseguiu por ser anti tudo isso, o que dirá de Walker quando ele perde e falha em tudo que ele foi moldado e sacrificou para realizar?! Automaticamente não se tornando um vilão, embora com o potencial para tal, mas com certeza um dos personagens mais interessantes a saírem de uma série recente da Marvel (foi mal Monica Rambeau!).
O que é ser o Capitão América?!
O início do século 20 era mais fácil de analisar o que havia do bem puro e o mal óbvio em suas conceitualizações panfletárias populistas. E enquanto Steve Rogers permaneceu um símbolo de grandeza no mundo moderno, o mundo pós Blip recheado de tensões e vítimas revoltosas com seu estado no mundo, novamente tão mais próximo do nosso, dá luz à real antagonista da série na forma de Karli Morgenthau (Erin Kellyman), a líder dos apátridas e cujos atos radicais e extremistas ao longo dos episódios sempre a deixam beirando o fanatismo, mas que é visto com um olhar de consolação quando Sam a compreende, mesmo que não concorde com suas ações, mas que o deixa se questionando ainda mais de seu papel nessa história toda.
Onde o estilo de justiça atual, e os conceitos de bom e mal são questionados quando ela indaga coisas do tipo: “Eles (o mundo) precisam de um líder que entenda a dor. Alguém que entende os heróis de hoje não podem se dar ao luxo de manter as mãos limpas.”, chamando o escudo do Capitão América de uma relíquia de uma era passada e “um lembrete de todas as pessoas que a história simplesmente deixou de fora”. Considerando o arco de Isaiah Bradley, é um ponto difícil de argumentar contra na razão que ela se encontra.
Mas ela, com razão, faz uma pergunta a Sam que ele não pode responder: “As pessoas com quem estou lutando estão tentando levar sua casa. Por que você está aqui em vez de impedi-los?”. E dessa vez, não há nenhum careca roxo gigante para Falcão e os heróis enfrentarem e darem fim ao conflito, e conforme ele avança na investigação, Sam parece estar perdido. Pois ele próprio se vê no lugar de poder estar não tão distante do inimigo. Onde a própria irmã de Sam, Sarah, que ao longo da série procura dinheiro e estabilidade e não encontra ajuda em instituições americanas, está fazendo a ele as mesmas perguntas!
E intensifica ainda mais a questão de quem merece o manto do Capitão América além da própria luta interna de Sam para a noção de heroísmo em tempos modernos. Heróis não são mais puros, como o próprio Zemo indaga no 4º episódio, Steve Rogers era a rara exceção de um purista de índole em suas intenções, mas sem ele, quem deverá assumir tal manto que esconde tanta sujeira por detrás de sua história?! Onde Zemo, como de costume, desempenha o papel do diabo nisso tudo, enquanto discute com Sam desde o início, corajosamente traçando uma linha entre os nazistas, Ultron e os Vingadores. “O desejo de se tornar um sobre-humano não pode ser separado dos ideais da supremacia”, diz ele. A única maneira de impedir alguém assim é matá-lo. O seria ir contra os ideais de Sam, mesmo que o próprio e outros Vingadores mataram vilões e rivais ao rodo no passado. Hipocrisia proposital?!
O que chega em um ápice no 5º episódio “Truth“, uma calmaria antes da tempestade final onde passamos o raro momento de sentar e explorar os personagens. De um lado temos o velho Soldado Invernal/Lobo Branco de Bucky Barnes saindo de ser apenas um manequim ambulante de cena nos filmes anteriores e finalmente se tornando aqui um legitimo personagem desenvolvido. Mesmo que deixado um pouco de escanteio no episódio final e o desenlace te deixa perguntando: “ok e agora? O que mais tem para o personagem?”. Ao longo da série ele finalmente tem sua história de reconciliação consigo mesmo, não o simples esquecer o passado e pedir desculpas por tudo para aqueles que ele inadvertidamente feriu, como o próprio bem vê que não é o suficiente, e sim o domar de sua natureza e abraçar finalmente um manto que Steve e seu legado deixaram para ele, finalmente se tornando o herói que ele é capaz de ser!
E sua parceria com Sam Wilson é basicamente perfeita, além de Mackie e Stan terem uma química infalível dada a forte amizade que eles tem fora dos bastidores, o mesmo se reflete na tela, as provocações e os tapinhas nas costas, é tudo que você já viu nos usuais broomances da vida, mas que inegavelmente funciona e tem momentos pra te deixar abrir um sorriso no rosto. Enquanto que no que tange ao drama, tanto Sam faz Bucky abrir seus olhos para como ele deve lidar com seus fantasmas de fato, em agir e fazer o bem, como Bucky ao questionar e mais tarde encorajar Sam a não ter medo do legado que Steve lhe confiou em continuar.
Sam se torna exponencialmente um personagem com bem mais nuances que se podia imaginar que ele tivesse nos outros filmes, seu arco aqui em parte uma recapitulação de quem ele é, como também uma história de origem para ele feita nas entrelinhas. E mais que Steve, ele se confronta com um dilema pesado sobre o que é realmente ser um herói no mundo e realidade que ele atuam, ainda mais a realidade de um homem negro. Afinal, o que ele sentiria se apropriar de um símbolo que significa algo muito diferente para as pessoas, uma relíquia de um passado imperialista construído na base de uma falsa e pura luta contra a opressão do mundo?! Sam segurar o escudo e a estrela no seu peito é algo muito diferente do que com Steve!
Ele diz que sente que o escudo não pertence a ele, ele vê os efeitos do imperialismo heróico muito próximo, ainda mais quando Isaiah lhe afirma acreditar que um homem negro não pode, e não deve, ser o Capitão América, afinal, a mesma América que o renunciou e negligenciou por tantos anos, o que ela sentiria em ver um homem de cor trajando as fardas e o escudo de um loiro de olhos azuis. E além disso, por quem ele luta? Como ele luta? E que limites éticos podem ser traçados nesta realidade complicada de lados embaçados de bem e mal? Talvez o seu grande trunfo é exatamente deixar o rancor e as cicatrizes no passado, e não desistir da América, do mundo, ter esperança em um futuro que ele e outros podem reconstruir para o melhor como ele indaga de forma inspiradora em seu último discurso, como um digno Capitão América faria!
Sem mais Falcão e Soldado Invernal?!
Fica-se uma dúvida infelizmente, onde se separa a idéia do questionamento, onde em meio à tantos temas, personagens e arcos dramáticos divididos que acompanham no desenrolar da série, e as ligeiras pontas soltas que deixa no final; para até onde quis is a série exatamente após um tanto morno final?! Em comparação com Wandavision, com certeza Falcão e o Soldado Invernal se beneficia muito melhor de sua duração em explorar personagens e a trama que se constrói. Mas com o tanto que se tem aqui, fica-se a sensação de como tudo é ou apressado corrido demais e deixado no ar. Propositalmente ou não?!
A ênfase temática da série sempre leva de volta ao dilema ético sobre como lutamos em vez de por quem lutamos, e a idéia de mudar as prioridades morais para as pessoas em vez de consequência ou virtude. Em meio a perguntas e questionamentos que talvez não esperem uma resposta imediata dentro de si nem do público, e as deixe marejar como algo a se alastrar no espectro reflexivo, e o que a série com certeza se sai bem em realizar! Mas a trama intricada e personagens que revelam e apresentam tantas camadas, deixam um a mais por desejar que deveria e merecia ser aproveitado para deixar a história fluir tão melhor.
Com certeza se beneficiaria de uma segunda temporada, já que deixa material de sobra para isso no final, mas já com o que temos aqui, é o suficiente para dizer que com certeza a Marvel acertou, na maioria, muito bem aqui, realizando algo desafiador e divertido na mesma medida, e tornando os personagens e seu universo interessantes nos seus limites ainda não explorados!
Raphael Klopper – estudante de jornalismo