A escritora e artista multidisciplinar Lucy Trento Amaral cultiva o amor pelos livros desde a infância. Foi sua mãe, que tinha sempre um romance nas mãos, quem a incentivou a ler. E foi ainda na adolescência que surgiu a vontade de escrever um livro que gostaria de ler. “Fui agraciada com muitos dons, mas sempre pensei que a escrita não fosse um deles”, confessa a autora.
Porém, foi no início de 2020 que tudo mudou. A autora descobriu no ócio da pandemia que era capaz de realizar o seu sonho e tirou da gaveta o romance de estreia: Minha adorável bailarina. Inspirada nas próprias vivências de Lucy, que foi dançarina profissional de Balé Clássico por 20 anos, a obra conta a história de Chloe Amber, uma bailarina de carreira sólida na companhia de dança da Irlanda.
A escritora nasceu em Limeira, interior de São Paulo, mas atualmente vive na província de Quebec no Canadá, onde pensa lançar uma obra na língua local, o francês, e também em inglês. Já com novos projetos em mente, Lucy compartilha na entrevista inédita abaixo as novidades que estão por vir e como a dança foi fundamental para alavancar sua carreira no mundo literário:
- “Minha adorável bailarina” apresenta uma protagonista apaixonada pela dança. De onde surgiu a inspiração?
Lucy: A inspiração para a criação da Chloe veio da minha própria experiência com o balé. Fui bailarina clássica durante 20 anos da minha vida e mesmo estando afastada há um bom tempo, confesso que esse universo ainda me fascina e deslumbra com a mesma intensidade de quando eu dançava.
- Qual é a principal mensagem que o seu livro traz aos leitores?
Lucy: Minha adorável bailarina é uma história de amor, amizade e superação. O livro fala sobre a imprevisibilidade da vida e como os planos podem mudar de uma hora para outra. Ele nos mostra como os personagens encontram meios de seguir adiante, ressignificando tudo o que tomavam como certo até então.
- Você mora no Canadá, pretende lançar a obra em francês e inglês para os leitores locais?
Lucy: Ainda não tenho previsão, mas, sim, tenho planos de lançar em inglês e em francês, pois na província onde moro (Quebec) a língua falada é predominantemente o francês.
- Algum personagem foi inspirado em você ou em alguém que você conhece? Como foi o processo de criação da história?
Lucy: Como disse anteriormente, o fato da Chloe ser uma bailarina veio da paixão pela dança através da minha própria experiência. Para um escritor tudo pode servir de inspiração, não é mesmo? A personagem Selena foi inspirada numa freira de verdade que conheci ainda criança e o Gérard foi inspirado em dois coreógrafos com quem tive o prazer de trabalhar durante minha vida como bailarina. Conto mais sobre essas inspirações e algumas anedotas em uma série de pequenos vídeos que criei para o Instagram chamada “Os bastidores do MAB”.
O processo de criação aconteceu de forma muito natural. Quando sentei para escrever já tinha a história toda estruturada em minha cabeça. A partir daí foi apenas uma questão de amarrar todos os detalhes da trama.
- Quando você decidiu seguir carreira de escritora? Desde quando nutre esse amor pelos livros?
Lucy: Meu amor pelos livros começou cedo. Minha mãe sempre tinha um romance nas mãos e isso me incentivou a ler. Quando entrei na adolescência comecei a ler os livros dela escondida, pois não eram apropriados para a minha idade. E foi nessa época que surgiu o sonho de um dia escrever meu próprio romance. Mas era um sonho guardado a sete chaves, pois eu acreditava não ser capaz de produzir algo tão maravilhoso assim. Fui agraciada com muitos dons, mas sempre pensei que a escrita não fosse um deles.
Porém, no início de 2020 tudo mudou. No meio de toda a incerteza na qual estávamos vivendo com a pandemia, tive um bloqueio criativo, e isso para uma artista multidisciplinar pode ser um pesadelo. Foi neste momento que meu sonho tão bem guardado veio à tona e tudo o que eu pensava era que precisava escrever. Essa necessidade se transformou em algo incontornável, inevitável, da qual não podia mais fugir e em alguns dias eu tinha minhas primeiras cento e poucas páginas escritas sem que ninguém soubesse, nem mesmo meu marido.
Quando contei para ele, ouvi uma frase que me encorajou muito: “Uau… escritora?! Nunca imaginei que você tivesse esse sonho, mas se você se dedicar e fizer isso tão bem como faz todas as outras coisas tenho certeza que será perfeito!.”
Finalmente, o desfecho dessa história culminou com o lançamento desse romance. E meu desejo é que ele seja apenas o primeiro de muitos.
- “Minha adorável bailarina” é seu romance de estreia. Pretende lançar mais livros? Já tem algum novo projeto em andamento?
Lucy: Sim, já estou escrevendo o próximo romance. Ele é um spin off de “Minha adorável bailarina”. Ele vai contar a história da violoncelista Kyara Anderson e de seu misterioso noivo Theodor. Quem leu meu livro de estreia deve ter reparado que tem alguma coisa estranha com esse casal que aparece na trama. Então teremos a chance de desvendar a história deles. E é claro que não posso deixar de mencionar que algumas das peripécias vividas por esta protagonista foram inspiradas em minhas próprias experiências como musicista!
- Para você, quais são os desafios de ser escritora?
Lucy: Até o momento eu posso falar um pouco dos desafios que enfrentei com esse meu primeiro trabalho e confesso que a maioria deles giraram em torno do processo de pós-produção. Minha maior preocupação sempre foi que o leitor tivesse a melhor experiência possível com esse livro.
Ao optar pela autopublicação, cuidei pessoalmente da maioria das etapas, mas, em alguns momentos, precisei delegar e confiar no trabalho de outros profissionais e gerenciar tudo isso de longe. Estando em outro hemisfério, foi um exercício e tanto de paciência e perseverança.