Desde criança leio. Antes era história em quadrinhos (HQ).
Minha mãe apagava a luz para eu dormir e me dava boa noite com um beijo. Eu pegava o castiçal escondido, que tinha proteção para não queimar a mão quando a vela derretia, e ficava lendo o resto da história.
Às vezes, ela voltava e me pegava com a boca na botija. Às vezes, eu terminava o texto e ia dormir feliz. Como costumo dizer, plagiando minha mãe: “a felicidade é quase nada”.
Para mim, naquela idade, era a extrema felicidade.
Daí vieram os livros de contos clássicos e mil histórias, fábulas, entre outros. Depois, passei a ler tudo o que encontrava pelo caminho, cartazes, folders, rótulos de produtos, até bula de remédios.
Daí vieram os livros didáticos, os de religião, os da área de estudos, ou não.
Livros, livros e livros passando pela vida inteira.
Vieram os filhos, e eu comprava os livrinhos de pano, na época ainda não havia os plásticos de banho (como os que dei para a neta). Mas cresceram, e meu medo era de que não lessem apesar de tê-los acostumado desde pequeninos.
Uma fase turbulenta, adolescentes ficam meio avessos à obrigatoriedade imposta pela escola (também passei por isso, sempre gostei de escolher minhas leituras).
Então, adotei a estratégia de meu pai: livros no banheiro.
Comprei um roupeiro, desses de plástico mesmo, e ali em cima depositava toda minha inquietação e desejo, livros que tinha lido e os que não, revistas sérias com artigos científicos de mais fácil leitura, jornais de diversos contextos políticos (menos, porque não eram muito atraentes), e para minha surpresa até meu filho mais novo, que não era muito chegado, devorava todos.
Entraram para a faculdade e quando vi já debatiam diversos assuntos, entre si e comigo, e assim seguiu-se até hoje.
Sábio papai.
Você pensa que a felicidade vem fácil?
Não, felicidade se conquista. E os livros, com certeza fazem parte dela.
O que você acha?
Beeeiju no coração e na alma.
Janice Mansur é escritora, poeta premiada, professora, revisora de tradução e criadora de conteúdo.
Visite a autora também no site do Jornal Notícias em Português (Londres) e na Academia Niteroiense de Letras.
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