E-commerces aderem ao modelo híbrido e inteligente de trabalho

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Com o retorno gradual às atividades presenciais, o home office em breve deixará de ser uma medida de segurança necessária e se tornará uma escolha estratégica das empresas. No caso dos e-commerces, aponta-se que a tendência  é a adoção de um modelo híbrido: flexibilidade para quem prefere trabalhar em casa e para quem prefere o presencial.

A mudança surgiu efetivamente a partir da pandemia, mas afetou a forma como o mercado de trabalho atua — talvez permanentemente. Segundo uma pesquisa global realizada pela SearchNode, 44% dos e-commerces realocaram a equipe para o modelo remoto. Além disso, 31% também contratou mais pessoas. Teoricamente, estamos próximos do momento em que todos voltariam aos escritórios, mas, para alguns negócios, a escolha ideal é outra.

A Haytek Lentes é um deles. A empresa produz e mantém o próprio e-commerce de lentes oftálmicas, contando com cerca de 150 colaboradores espalhados em diferentes setores, com sede no Rio de Janeiro. Raphael Ferreira, CTO da companhia, explica como será o modelo de trabalho daqui para frente: “Pretendemos funcionar com autonomia. Os times vão decidir com que frequência querem se encontrar presencialmente, de acordo com as possibilidades. Os setores que puderem adotar o trabalho remoto vão criar sua própria dinâmica. Não haverá dias ou horários fixos para uma coisa ou outra”.

A flexibilidade é a prioridade após um ano de adaptações. Chegar até essa decisão não foi rápido; na verdade, no começo da pandemia era difícil imaginar que esse seria o futuro. Entretanto, o tempo e os esforços para a adaptação trouxeram bons resultados para a empresa. Após um período de certa rigidez, a equipe está habituada a atuar de uma nova maneira. A variável está entre os diferentes departamentos.

Como no caso da Haytek, outras empresas vêm se voltando ao trabalho híbrido, para conciliar os benefícios do convívio com os colegas e o bem estar gerado pela autonomia e liberdade do home office. De acordo com um levantamento produzido para a Robert Half, consultoria global de recrutamento especializado, 95% dos executivos acreditam que a alternância entre o trabalho remoto e o presencial vai ser adotado de forma permanente pelas companhias.

Os motivos são diversos: durante o longo período do isolamento social, os colaboradores das empresas atestaram diversas vantagens em trabalhar de casa e não irão querer abrir mão delas. Com a possibilidade de evitar perder tempo no trânsito e podendo morar em qualquer lugar do país e do mundo, além de passar mais tempo com a família, o home office tem ocupado um lugar cativo na vida das pessoas. Por outro lado, a falta de convivência entre colegas de trabalho se apresenta como uma deficiência para a troca de ideias e o estabelecimento de uma cultura corporativa. O modelo híbrido de trabalho é uma ponte entre estes dois caminhos e tem sido apontado como uma possibilidade para setores como o e-commerce, mais flexíveis do que os demais.

“Nós trabalhamos tanto como comércio quanto indústria, então alguns times são necessariamente presenciais, como na produção e no estoque”, o CTO explica. “Já as áreas de atendimento, comercial, marketing, TI e tantas outras podem funcionar muito bem no modelo remoto, como vem acontecendo”. 

Os colaboradores passaram a frequentar a empresa em média somente três dias por semana, reduzindo em 40% o número de presentes. Com isso, as estações de trabalho individual ficaram ociosas. Por outro lado, a maioria dos dias em que os times escolhem estar fisicamente na empresa é com o intuito de trabalhar em grupo, havendo escassez de salas de reunião. A solução, então, foi reduzir o número de mesas individuais, sendo necessário para isso abolir os lugares fixos, aumentando o número de espaços para colaboração (salas de reunião, cabine para videochamadas etc), num modelo análogo ao de coworkings. Para evitar que ninguém fique sem lugar, a Haytek adotou um aplicativo de reservas chamado Desko, para que os colaboradores reservem a estação de trabalho, sala de reunião e até vaga no estacionamento.

Raphael acredita que essas mudanças são necessárias para se manter em alta no mercado de trabalho atual. “Trazer e, principalmente, reter talentos demanda esforço e recursos. Manter bons colaboradores pode ser muito competitivo, inclusive em disputa com o mercado exterior, em um contexto econômico complicado para o Brasil. Então é essencial que os gestores se preocupem com bem-estar e autonomia”, afirma. “Open office, coworking, existem inúmeros caminhos inovadores nesse sentido. Cada empresa vai se organizar como prefere, mas é improvável que tudo volte a ser exatamente como era”.

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