A amizade é considerada uma importante fonte de bem-estar subjetivo e de felicidade, tão importante que tem um data especial para celebrá-la: o dia 20 de julho. Temos a necessidade de viver em sociedade, sendo assim, ter amigos e manter amizades apresentam-se como fatores fundamentais para o nosso desenvolvimento saudável. As nossas relações de amizade influenciam de forma importante em nossas vidas, durante toda a sua duração. No entanto, em cada uma delas a função é diferente.
De acordo com a psicóloga Marcela Teti, professora do curso de Psicologia da Faculdade São Luís de França (FSLF), podemos usar duas formas para resumir a importância da influência dos amigos durante a infância. Quando a criança é muito pequena, o outro pode ser a oportunidade de tirar a criança do seu centro. Até os cinco anos de idade, a criança tem dificuldade de entender o mundo de outra perspectiva que não a sua.
Em geral, de acordo com a teoria do francês Jean Piaget, a criança é autocentrada, e amoral, visto que não consegue compreender as regras sociais. “Assim, mesmo que o cérebro da criança não esteja pronto para entender as regras sociais, ou aprender a compartilhar brincadeiras, podemos supor que o estímulo de outra será o auxílio para o desenvolvimento de competências como compartilhar, ser solidária, ser empática, brincar junto”, explica Marcela.
A partir dos seis anos, as amizades e o compartilhamento devem ser estimulados, pois as crianças conseguem se colocar no lugar das outras, já se percebem como sociais. Brincadeiras coletivas, jogos organizados, competições, são muito importantes para o desenvolvimento físico e psicomotor, para o desenvolvimento de afeto, respeito ao próximo e para o desenvolvimento de compaixão”, explicou ela.
Na adolescência, a amizade deve ser estimulada especialmente para que o adolescente não se veja como estranho. Entre os 12 e os 20 anos, ele passa por muitas mudanças, dentre elas o questionamento das verdades e certezas. “Entender que esta fase racional afetiva é coletiva pode torná-lo mais consciente de seus processos. Compartilhar as dores, alivia o sofrimento e ajuda a se posicionar de uma forma diferente sobre a vida. Na fase adulta, a amizade é importante, especialmente porque um bom amigo nos motiva ou nos estimula a ser melhores. Também os amigos nos acolhem, autoriza que sejamos autênticos, e nos ajuda a crescer e desenvolver”, destaca a professora.
Amizade X vida mais saudável
A amizade é o balanço, o equilíbrio que precisamos nos momentos de angústia, desde que ela venha a acrescentar fatores positivos ou de melhoria para a vida da pessoa. “A amizade só é salutar se te auxilia no seu processo de desenvolvimento, se você sente que está ficando melhor, se tornando mais autônoma quanto às suas opiniões e sensações. A partir do momento que a amizade te faz sentir pior, culpada, triste, azeda ou mesquinha, entre outros sentimentos negativos, talvez seja melhor se recolocar na vida e organizar novas amizades positivas”, orienta a psicóloga.
Ainda segundo Marcela Teti, a ausência de amigos pode nos tornar egocêntricos, egoístas, misantrópicos, com ausência de habilidades sociais. “A falta de amizades também retira o balanço, o equilíbrio com relação a sua rotina de saúde mental. Às vezes, sofremos por problemas que criamos em nossa cabeça, devido ao nosso grau de exigência. Este sofrimento seria amenizado se existisse alguém dizendo que o problema passa a com a maioria das pessoas e se relevássemos as críticas excessivas que temos”, alertou.
Boa parte do nosso martírio é porque exigimos mais do que o ser humano pode dar conta. E ter alguém para sinalizar nossa ansiedade ou alertar sobre nosso estado de tristeza pode nos auxiliar a espantar a “nuvem cinza” que paira sobre a cabeça ou a aceitar problemas e desafios como parte natural do nosso trabalho ou nossa existência cotidiana.