Comemorado em 12 de outubro, o Dia das Crianças é uma data que celebra os direitos de crianças e adolescentes, além de conscientizar a população acerca da importância dos mais novos para o futuro do planeta. Comumente ligada à distribuição de presentes, a data também pode ser uma oportunidade para discutir um tema importante para muitas famílias: a necessidade de educar financeiramente os filhos desde cedo.
Diretora de Educação na Guide Investimentos, uma das maiores corretoras do Brasil, Loni Batist alerta que ensinar as crianças a lidar com finanças vai muito além de dar uma mesada. “Este é um passo importante, mas não pode ser a única iniciativa”, afirma. “Passar um bom exemplo dentro de casa também é fundamental para o filho criar uma relação saudável com o dinheiro”, completa.
De acordo com a especialista, pais com um bom nível de educação financeira e controle do orçamento tendem a influenciar positivamente os filhos, que levam este exemplo para a vida adulta. Por outro lado, famílias que tratam o dinheiro como problema e brigam por conta das finanças podem contaminar a visão das crianças. “Imagina crescer numa casa onde boa parte das discussões é causada por dinheiro”, diz Loni. “Isso cria um trauma e traz a percepção de que o assunto é um mal a ser evitado”, acrescenta.
Segundo a pesquisa mais recente do SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CDNL), 48% dos casais brasileiros brigam por causa das finanças. Na mesma linha, um estudo da empresa Slater & Gordon no Reino Unido com mais de dois mil adultos descobriu que as preocupações com o dinheiro são o principal motivo de divórcio no país.
Para ajudar pais e mães na educação financeira dos filhos, a executiva listou cinco dicas principais:
- Evitar desperdícios. É importante ensinar que tudo tem um limite e que os bens não existem em abundância ao bel prazer dos filhos. Tudo que eles têm foi conquistado através do trabalho dos pais, nada caiu do céu. A criança que entender este limite terá uma relação mais saudável com dinheiro.
- Dar mesada e ensinar o que fazer com ela. Além de dar um dinheirinho todo mês, os pais devem orientar acerca do melhor uso dos recursos. Neste sentido, uma parte fundamental do processo é incentivar os filhos a poupar uma parte da mesada. A quantia acumulada mês após mês pode ser usada para comprar algo maior no futuro, como uma bicicleta, por exemplo.
- Não dar tudo de mão beijada. O ideal é que pelo menos uma das coisas que a criança deseja (como o exemplo da bicicleta) seja comprada a partir do dinheiro guardado das mesadas. Isso mostra, na prática, as recompensas de poupar todo mês e evitar aqueles gastos “bobos” do dia a dia, mas que pesam no orçamento – como aquele doce ou salgado que a pessoa sempre compra na saída da escola.
- Comemorar essas conquistas. Celebrar compras importantes para o filho ou a família toda não é uma forma de “ostentação”, mas sim de valorizar e ressaltar o esforço que foi feito em busca de determinado objetivo. “É importante que os mais novos saibam o valor do dinheiro e do trabalho”, afirma Loni.
- Não tratar finanças como um tabu. Claro que a família não precisa e nem deve entrar em detalhes da vida financeira com as crianças. Contudo, o tema “dinheiro” não deve ser tratado como um tabu e evitado a todo custo. Mesmo num nível mais básico, os filhos precisam entender como o mundo funciona e ter em mente que organizar as contas é um passo básico para ter qualidade de vida.