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Demanda por ímãs de neodímio cresce no Brasil após pressão asiática e gargalos globais; setor fecha 2025 com retomada

Redação
5 min. leitura

Dados de uma das maiores importadoras brasileiras apontam que, apesar da forte queda no terceiro trimestre causada por concorrência asiática e atrasos internacionais, o mercado de ímãs de neodímio voltou a acelerar no fim do ano, impulsionado por automação industrial, projetos maker e novos distribuidores.

Num momento em que as cadeias globais de insumos tecnológicos seguem pressionadas por variações cambiais, tensões comerciais e atrasos logísticos, o mercado brasileiro de ímãs de neodímio terminou 2025 em recuperação. O produto — essencial para motores de alta performance, turbinas eólicas, dispositivos automotivos e equipamentos de automação — registrou um comportamento irregular ao longo do ano, mas encerrou dezembro com o maior volume de vendas, segundo dados de fornecedores relevantes do setor.

O movimento confirma a tendência internacional de expansão no uso de terras raras, especialmente o neodímio, amplamente empregado em soluções voltadas à eficiência energética e eletrificação. Embora o Brasil seja totalmente dependente da importação desse insumo, a demanda interna se manteve aquecida, em especial nos mercados industrial e maker, que seguem incorporando tecnologias que exigem motores mais leves, compactos e potentes.

O ano começou com crescimento acelerado. Entre janeiro e março, as vendas mensais avançaram cerca de 23%, acompanhando o aquecimento do setor de motores elétricos, a entrada de novos clientes varejistas e a ampliação de projetos industriais. A estabilidade predominou no segundo trimestre, influenciada pela trégua momentânea do câmbio, que ajudou a segurar custos e manteve os preços competitivos para o comprador brasileiro.

O cenário mudou no terceiro trimestre. Entre julho e setembro, o setor sofreu a pior retração do ano, refletindo a combinação de estoques elevados dos clientes, redução da produção em segmentos industriais, atrasos no transporte internacional e uma ofensiva de preços da concorrência asiática, que chegou a reduzir valores em até 15%. Os volumes vendidos no período caíram mês a mês, acompanhando a desaceleração do mercado B2B.

A curva voltou a subir no fim do ano. Outubro marcou o início da retomada, impulsionada por reposição de estoque, lançamento de novos catálogos técnicos e expansão da rede de distribuidores regionais. Novembro manteve o ritmo, beneficiado por condições comerciais mais agressivas, enquanto dezembro deve encerrar como o mês de maior volume, favorecido pela combinação de safras industriais, compras antecipadas e maior visibilidade da categoria em feiras de tecnologia e automação.

Para Rodolfo Midea, especialista em terras raras e diretor de uma das principais importadoras brasileiras, o comportamento do mercado em 2025 reafirma o papel estratégico do neodímio na indústria moderna. Segundo ele, pequenas oscilações na cadeia global são suficientes para alterar o ritmo de abastecimento no país. “Os ímãs de neodímio estão no centro de setores-chave como automação, energia renovável, motores e equipamentos médicos. Qualquer ajuste da China, seja em preço ou logística, tem impacto imediato no Brasil”, afirma.

A pressão asiática, contudo, não eliminou a demanda. Pelo contrário: segundo Midea, o consumidor brasileiro se tornou mais técnico e exigente, o que favorece empresas que trabalham com especificação correta e atendimento consultivo. “O mercado amadureceu. Hoje, o cliente sabe a diferença entre um ímã N35, N42 ou N52, entende revestimentos, resistência térmica e tolerâncias. Esse nível de conhecimento fortalece as empresas que investem em disponibilidade e orientação, e foi determinante para a retomada no fim do ano”, explica.

A perspectiva para 2026 é de crescimento. A tendência internacional de eletrificação de frotas, expansão da automação industrial e maior adoção de motores de alto desempenho deve ampliar a demanda por neodímio e outros elementos de terras raras. O desafio permanecerá na competitividade frente ao mercado asiático, que opera com escala superior, e na volatilidade cambial, que afeta diretamente o preço final ao consumidor brasileiro.

Para Midea, a consolidação do setor no Brasil passa por estratégias combinadas. Entre elas estão a diversificação de fornecedores, investimentos em modelos mais potentes, ampliação das parcerias B2B e proteção cambial mais robusta. “2025 mostrou que o mercado é sensível aos fatores externos, mas também que há espaço para expansão. Quem trabalha com especificação técnica e atendimento consultivo tende a crescer mesmo em cenários voláteis”, afirma.

Se as projeções se confirmarem, o segmento de ímãs de neodímio continuará sendo um dos termômetros da modernização industrial brasileira nos próximos anos.

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