Coulrophobia – O que o “medo de palhaços” pode nos revelar?

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O medo de palhaço é mais comum do que se imagina. Seja entre as crianças ou até mesmo entre os adultos. Esse pânico relacionado a um personagem que tem como filosofia tirar o riso e encher de alegria a vida das pessoas, é no mínimo curioso.

 Certamente, você conhece alguém que tem medo das caras pintadas e do nariz vermelho. Pois, muitos encaram os palhaços como seres perturbadores. Esse medo irracional de palhaços tem um nome: coulrophobia. Mas porque isso acontece? Qual a explicação para essa sensação de medo e assombramento se instaurar no inconsciente de algumas pessoas?

O personagem palhaço existe há muitos anos e o objetivo desta criação era divertir e tirar sátira de situações reais. São artistas que buscam, através da liberdade de expressão, provocar o riso e superar desconfortos e dores.

Tanto que, os primeiros palhaços que se têm registro na história, são os bobos da corte do antigo Egito. Os famosos palhaços de circo com seus rostos pintados, perucas e roupas grandes, que conhecemos hoje, surgem para perpetuar a missão de fazer sorrir e levar entretenimento.

Mas, historicamente, a fama de que o palhaço pode ter uma personalidade psicopática, fria e que causa medo e provoca a morte, remonta de relatos de que alguns criminosos nos Estados Unidos, Serial Killers, utilizavam o disfarce de palhaço ou caras pintadas para praticar seus crimes.

O que viralizou uma conexão entre palhaços e comportamento psicopático perigoso que, inevitavelmente, ficou para sempre fixa no inconsciente coletivo dos americanos e de pessoas ao redor do mundo.

Diziam que alguns palhaços demoníacos se colocavam à beira das estradas, tentando atrair mulheres e crianças para a floresta para concretizar atos criminosos.

A grande questão é tentar entender se o ato de pintar os rostos e imitar palhaços para praticar crimes, tenha vindo da narrativa comum de que as crianças e alguns adultos tinham medo dos palhaços. Ou seja, quem por objetivo deveria provocar piadas e risos, gerava arrepios e pânico.

O medo aqui, tem uma real ligação com essa dualidade de se esconder atrás de uma máscara ou de uma pintura. O aspecto enigmático gera desconforto.

Afinal, tudo que é desconhecido e que não controlamos incita desequilíbrio e sentimentos perturbadores. A justificativa psicológica para esse pavor de palhaços está na imprevisibilidade.

 Padrões incomuns de contato visual e outros comportamentos não verbais fazem com que nossos detectores de assustadores sejam ativados. Tudo que sugere uma “ameaça” pode confrontar a incerteza inconsciente do ser humano.

Por mais inofensivo que isso possa parecer, ativa a intuição e gera um sensor de autovigilância que estimula o aparecimento de sentimentos e sensações desagradáveis.

A coulrophobia, pânico de palhaços, é alimentada pelo fato de que os palhaços usam maquiagem e disfarces que escondem suas verdadeiras identidades e sentimentos, tornando-os assustadores.

Eles parecem felizes, mas trazem um ar de malícia que, para quem é propenso a ter o medo, se sente ameaçado e em constante sinal de alerta. As características físicas altamente incomuns do palhaço – a peruca, o nariz vermelho, a maquiagem, a roupa estranha – também contribuem para aumentar a incerteza do que o palhaço pode fazer a seguir.

Portanto, esse medo irracional é muito comum, mas felizmente, existe cura e pode ser controlado e extinto. Não é uma frescura ou um famoso “mi-mi-mi”.

É a ativação da vulnerabilidade inconsciente do indivíduo, seja criança ou adulto. O trabalho psicoterápico pode ajudar a entender, quais os gatilhos são ativados quando esse pavor se instala e onde a vítima desse medo ficou presa a ponto de não conseguir se controlar ou se livrar do pânico.

Através de ferramentas específicas, o terapeuta, auxilia na busca destas respostas. O objetivo é eliminar a sensação de desconforto e fortalecer a autoestima, além de trabalhar os mecanismos de defesa, para que essa pessoa possa assistir um espetáculo circense sem qualquer desconforto evidente.


Dra. Andréa Ladislau   

Psicanalista (SPM); Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras –cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei); professora na graduação em Psicanálise; embaixadora e diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói; membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza; professora associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; professora associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites; graduada em Letras – Português e Inglês pela PUC de Belo Horizonte.

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