Nestes tempos em que o olhar se volta muito para o externo, surge a oportunidade de parar e buscar olhar para o interno. Sabe aquilo que é invisível aos olhos, mas que sente a cada instante? Ou seja, aquilo que existe dentro de você e tem dificuldades de compreender, porque a construção do conviver está mais direcionada ao ensinar e ao aprender o conteúdo (o concreto!). Por fim, é refletir não somente em relação àquilo que é palpável, que pode ser visto e mensurável aos olhos da maioria dos indivíduos.
Contudo, quando é surpreendido por algo “também invisível”, busca a todo momento manter-se limpo externamente… achando que se manter seu corpo limpo, “o invisível” não chegará! Todavia, ele já chegou e faz tempo… Aí você pergunta: Que invisível é esse que já chegou faz tempo? Trata-se da indiferença, da depreciação, do desrespeito, do desamor, do desprezo, da inconsciência, da leviandade, da irresponsabilidade, da desarmonia, da intolerância etc.
No entanto, mantém os seus olhos diariamente fechados para o que acontece internamente e foca na limpeza do “externo (o que está do lado de fora)”, apesar da grande oportunidade que está tendo de transformar o interior (aquilo que te constitui enquanto ser humano). Atualmente, o que chega é um convite à rutura de sistemas interno e externo (uma mudança de olhar) para que se permita viver a partir do sentir mais profundo – sua essência e assim construa espaços de diálogo e de escuta mútua que priorizam a empatia e a compaixão.
É conviver buscando a seguinte compreensão: “as experiências individuais, potentes ou desafiadoras, que passamos e sentimos, o outro também passa e sente”. Então, mediante essa conscientização, por que não buscar a limpeza dos preconceitos, das inquietudes, do desamor próprio? E quando tudo isso passar (QUE PASSARÁ!), poderá abraçar o outro!
Dando-lhe um abraço de PAZ! E por meio deste dizer (NÃO SOMENTE EM PALAVRAS!): eu respeito, eu amo, eu aceito, eu compreendo, eu acolho você com as suas imperfeições, suas aflições… pois eu também as tenho e passo por elas – eu aprendi isso com “o invisível”! Porque estou em construção e em transformação assim como você! E buscarei dar o meu melhor para um bom convívio de todos nós. Até porque, o que não faltarão são ameaças invisíveis que, mesmo de mãos lavadas, nos farão vigiar tanto nossos comportamentos externos quanto nossos movimentos internos.

Você não está sozinho nas batalhas da vida! Somos seres HUMANOS e vivemos em COMUNIDADE, a relação é fundamental (o estar com outro). Ensinar e aprender (trocar/compartilhar) uns com outros – esse é o propósito “das ameaças invisíveis”! Já parou para pensar nisso?
O convite também é para refletir no seguinte sentido: “a comunidade está além de uma constituição de regras ou de padrões. Ela é a margem, ou seja, circunda e compõe todo ser humano. O indivíduo quando se sente pertencente à uma comunidade, passa a se enxergar de forma integral!” Por isso se faz tão necessário e tão imediato o olhar atento para a comunidade – ela funda-se em nós, seres humanos, que convivemos no aqui e no agora!
Falar em comunidade é pensar e cuidar do SER (refere-se à existência) que se revela no encontro de um EU com OUTRO, posto que nela ocorre o equilíbrio das singularidades, das essências.
Assim como as emoções (aquilo que se sente!), a comunidade pura e simples (em CONCEITO) não é palpável. Nem mensurável! Ela é experienciada no encontro com o OUTRO, nos limites dado por esse OUTRO que permite enxergar as singularidades separadas e a completude que se concretiza na comunicação. “A comunidade é o que acontece sempre através do outro e para o outro.”
Por conta disso, é preciso acreditar que a comunidade não está perdida e não se perderá! Caso contrário, o ser humano também estaria perdido e não conseguiria descobrir a sua integralidade. Viver em comunidade é ser HUMANO, pois se não existir troca/partilha de palavras, de risadas, de choros, de olhares, de gestos não se pode acolher o que existe dentro de cada um de nós e o que nos é comum (que nos agrega, que nos faz essencialmente semelhantes). “A comunidade é um dom que se deve renovar, que se deve comunicar.”
Conclusão, para abraçar as individualidades (potencialidades e desafios) necessita-se da relação tanto intrapessoal (tendo o silêncio como o grande mediador) quanto interpessoal (que efetivamente trata-se de viver os propósitos – de ofertar amor; de convidar para “SER” etc.).
Construir e transformar uma comunidade é uma tarefa acima de tudo dos CORAÇÃOS que sentem e que geram conexão!
Fabiana Lima Santos – Educadora Social. Gestora de Conflitos com foco em Cultura de Paz na Educação pelo IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Fundadora e Coordenadora do Instituto De Coração Para Coração. Facilitadora de Diálogos Restaurativos pela AJURIS – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul e com Aprofundamento em Facilitação em Diálogos Restaurativos pela AJURIS – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Mediadora de Conflitos Extrajudicial certificada pela Câmara Mediati e com Aprofundamento em Mediação & Arbitragem pela FGV – Fundação Getúlio Vargas e também em Mediação Narrativa Circular ministrada por Héctor Valle na Coonozco/Diálogos Transformativos e com certificação Internacional pela Sociedad Científica de Justicia Restaurativa (Espanha) e Coletivo Diálogos (México), como também pela EMAB – Escola de Magistrados da Bahia.
Contatos pelo e-mail: coracoesemdialogo@gmail.com pelo Celular: 21 995451311 Página do Instagram @coracoesemdialogo ou Site https://coracoesemdialogo.com/