Convites da Pandemia: Comunidades Restaurativas

Cultura e Negócios
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Nestes tempos em que o olhar se volta muito para o externo, surge a oportunidade de parar e buscar olhar para o interno. Sabe aquilo que é invisível aos olhos, mas que sente a cada instante? Ou seja, aquilo que existe dentro de você e tem dificuldades de compreender, porque a construção do conviver está mais direcionada ao ensinar e ao aprender o conteúdo (o concreto!). Por fim, é refletir não somente em relação àquilo que é palpável, que pode ser visto e mensurável aos olhos da maioria dos indivíduos.

Contudo, quando é surpreendido por algo “também invisível”, busca a todo momento manter-se limpo externamente… achando que se manter seu corpo limpo, “o invisível” não chegará! Todavia, ele já chegou e faz tempo… Aí você pergunta: Que invisível é esse que já chegou faz tempo? Trata-se da indiferença, da depreciação, do desrespeito, do desamor, do desprezo, da inconsciência, da leviandade, da irresponsabilidade, da desarmonia, da intolerância etc.

No entanto, mantém os seus olhos diariamente fechados para o que acontece internamente e foca na limpeza do “externo (o que está do lado de fora)”, apesar da grande oportunidade que está tendo de transformar o interior (aquilo que te constitui enquanto ser humano). Atualmente, o que chega é um convite à rutura de sistemas interno e externo (uma mudança de olhar) para que se permita viver a partir do sentir mais profundo – sua essência e assim construa espaços de diálogo e de escuta mútua que priorizam a empatia e a compaixão.

É conviver buscando a seguinte compreensão: “as experiências individuais, potentes ou desafiadoras, que passamos e sentimos, o outro também passa e sente”. Então, mediante essa conscientização, por que não buscar a limpeza dos preconceitos, das inquietudes, do desamor próprio? E quando tudo isso passar (QUE PASSARÁ!), poderá abraçar o outro!

Dando-lhe um abraço de PAZ! E por meio deste dizer (NÃO SOMENTE EM PALAVRAS!): eu respeito, eu amo, eu aceito, eu compreendo, eu acolho você com as suas imperfeições, suas aflições… pois eu também as tenho e passo por elas – eu aprendi isso com “o invisível”! Porque estou em construção e em transformação assim como você! E buscarei dar o meu melhor para um bom convívio de todos nós. Até porque, o que não faltarão são ameaças invisíveis que, mesmo de mãos lavadas, nos farão vigiar tanto nossos comportamentos externos quanto nossos movimentos internos.

Foto: Divulgação

Você não está sozinho nas batalhas da vida! Somos seres HUMANOS e vivemos em COMUNIDADE, a relação é fundamental (o estar com outro). Ensinar e aprender (trocar/compartilhar) uns com outros – esse é o propósito “das ameaças invisíveis”! Já parou para pensar nisso?

O convite também é para refletir no seguinte sentido: “a comunidade está além de uma constituição de regras ou de padrões. Ela é a margem, ou seja, circunda e compõe todo ser humano. O indivíduo quando se sente pertencente à uma comunidade, passa a se enxergar de forma integral!” Por isso se faz tão necessário e tão imediato o olhar atento para a comunidade – ela funda-se em nós, seres humanos, que convivemos no aqui e no agora!

Falar em comunidade é pensar e cuidar do SER (refere-se à existência) que se revela no encontro de um EU com OUTRO, posto que nela ocorre o equilíbrio das singularidades, das essências.

Assim como as emoções (aquilo que se sente!), a comunidade pura e simples (em CONCEITO) não é palpável. Nem mensurável! Ela é experienciada no encontro com o OUTRO, nos limites dado por esse OUTRO que permite enxergar as singularidades separadas e a completude que se concretiza na comunicação. “A comunidade é o que acontece sempre através do outro e para o outro.”

Por conta disso, é preciso acreditar que a comunidade não está perdida e não se perderá! Caso contrário, o ser humano também estaria perdido e não conseguiria descobrir a sua integralidade. Viver em comunidade é ser HUMANO, pois se não existir troca/partilha de palavras, de risadas, de choros, de olhares, de gestos não se pode acolher o que existe dentro de cada um de nós e o que nos é comum (que nos agrega, que nos faz essencialmente semelhantes). “A comunidade é um dom que se deve renovar, que se deve comunicar.”

Conclusão, para abraçar as individualidades (potencialidades e desafios) necessita-se da relação tanto intrapessoal (tendo o silêncio como o grande mediador) quanto interpessoal (que efetivamente trata-se de viver os propósitos – de ofertar amor; de convidar para “SER” etc.).

Construir e transformar uma comunidade é uma tarefa acima de tudo dos CORAÇÃOS que sentem e que geram conexão!


Fabiana Lima Santos – Educadora Social. Gestora de Conflitos com foco em Cultura de Paz na Educação pelo IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Fundadora e Coordenadora do Instituto De Coração Para Coração. Facilitadora de Diálogos Restaurativos pela AJURIS – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul e com Aprofundamento em Facilitação em Diálogos Restaurativos pela AJURIS – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Mediadora de Conflitos Extrajudicial certificada pela Câmara Mediati e com Aprofundamento em Mediação & Arbitragem pela FGV – Fundação Getúlio Vargas e também em Mediação Narrativa Circular ministrada por Héctor Valle na Coonozco/Diálogos Transformativos e com certificação Internacional pela Sociedad Científica de Justicia Restaurativa (Espanha) e Coletivo Diálogos (México), como também pela EMAB – Escola de Magistrados da Bahia.

Contatos pelo e-mail: coracoesemdialogo@gmail.com pelo Celular: 21 995451311 Página do Instagram @coracoesemdialogo ou Site https://coracoesemdialogo.com/

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