Como sobreviver ao mundo atual sendo introvertido?

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Scary, afraid. Terrified hispanic or brazilian curly haired woman dressed in casual shirt, peeks through fingers, covers face with hands, experiencing scare, shock, stand on isolated yellow background

Uma pessoa introvertida tem uma lógica de funcionamento que se contrapõe ao modo que domina o mundo atual. Ela prefere ambientes mais calmos, muitas vezes isolados, recarregando a sua energia ao estar só. E isso, muitas vezes, realmente se faz necessário depois de eventos onde se percebe obrigada a conviver com os demais. Tal exigência pode inclusive levar a fobias, quando a pressão é intensa em demasia.

A fobia social, por sua vez, pode ser entendida como uma dificuldade continuada e extrema em lidar com situações em que haja interações interpessoais, geralmente com desconhecidos ou em circunstâncias que coloquem o sujeito em evidência. Normalmente, quando instaurada, faz com que a pessoa experimente inclusive sintomas fisiológicos como a taquicardia, sudorese e náuseas.

Isso, porque o indivíduo se sente altamente vulnerável ao pensar ser analisado e avaliado, o que gera um enorme nervosismo ou desconforto. O mundo – e os outros – lhe parecem extremamente hostis, havendo um constante autojulgamento, que faz com que a angústia tenda a crescer e se alastrar em proporções catastróficas. Nessa condição, não é fácil estar no mundo, definitivamente.

Nos dias atuais, onde se exige tanto da exposição e do posicionamento, isso parece ainda mais difícil. Se outrora havia diversos modos de esquivas de situações sociais, atualmente a exposição de si parece um pré-requisito para a existência. Reforça-se, assim, o ditado antigo de que “quem não é visto, não é lembrado” e leva-se o receio de quem não gostaria de ter uma vida social tão ativa ao nível do horror.

Em uma época em que a individualidade não é respeitada, podemos intuir que a ansiedade do introvertido cresce ao pensar nos vínculos iminentes. Seria como um medo inexplicável de gerar intimidade, conexões mais profundas ou laços emocionais. Proteger-se e resistir apesar dessas demandas que surgem tão imponentes é imperativo. Só assim, há possibilidade de estar tranquilo com o que se é, nessa sociedade do espetáculo. 


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

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