Arigós são pássaros migratórios que buscam condições de sobrevivência em outros ambientes. A partir desta referência, milhares homens que deixaram suas casas e famílias rumo ao norte do Brasil para servir ao país no início dos anos 1940 foram apelidados de arigós. A migração, neste caso, teve como objetivo colaborar com os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, através da extração de borracha na Amazônia, que seria utilizada para fins bélicos – daí a alcunha de “soldados da borracha”, pela qual eles ficaram conhecidos. A história desses homens é o tema de “Arigó”, solo idealizado, escrito e interpretado por Ezequiel Vasconcelos. Com direção de Marcelo Morato, o espetáculo faz temporada de 4 a 26 de agosto, no Teatro Candido Mendes, com sessões às sextas e sábados, às 22h.
A peça trata de um capítulo pouco conhecido da história: em 1942, mais de 70 mil homens, segundo dados do Ministério do Exército, saídos de diversos estados brasileiros, deixaram suas casas rumo ao Norte para servir ao país. Pelo menos metade desses chamados “soldados da borracha” morreu sem nenhuma assistência na floresta, em virtude das condições precárias de saúde e moradia, sobretudo por conta das doenças tropicais.
Em cena, Ezequiel conta a jornada do jovem Lázaro – que, após perder seu irmão mais velho, se vê diante da missão de cuidar da sua família na aridez do sertão brasileiro. Com a proposta de ir para o norte do país, com o intuito de contribuir no fornecimento da borracha para a Segunda Guerra, Lázaro embarca em uma aventura para a Amazônia, com a promessa de que, ao fim da guerra, retornaria aposentado como soldado.
Mineiro de Brumadinho, morador do Rio de Janeiro, Ezequiel Vasconcelos se inspirou na trajetória da própria família para escrever “Arigó”. Em busca de uma vida melhor, o ator migrou ainda criança do interior de Minas Gerais para Rondônia. “Foi nessa época que eu tive contato com a história dos soldados da borracha. É uma passagem da nossa história muito latente na região Norte”, diz o ator. “Minha família também migrou numa expectativa de melhorar de vida, cinquenta anos depois das promessas feitas aos arigós. É um círculo vicioso. Fomos atrás de uma promessa escandalosa do governo: eles davam um pedaço de terra que se não fosse desmatado deveria ser devolvido em quatro anos.”
Ezequiel Vasconcelos – Nascido em Brumadinho (MG) e estabelecido no Rio de Janeiro, Ezequiel é ator, arte educador e gestor de projetos socioculturais. É bacharelando em teatro pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e pela Escola de Atores Wolf Maya-RJ. Tem ainda formação em roteiro pela Academia Internacional de Cinema.
Marcelo Morato – Diretor, professor, ator e dramaturgo. Como diretor, foi indicado ao prêmio “Zilka Salaberry” com o espetáculo “O Pequenino Grão de Areia”. Como ator foi indicado ao Prêmio Mambembe pelo espetáculo “Curupira”. É professor do Curso de Formação Profissional de Ator CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e da Faculdade CAL de Artes Cênicas.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Marcelo Morato
Assistente de direção: Luca Matteo
Texto e atuação: Ezequiel Vasconcelos
Direção de movimento: Lavínia Bizzotto
Produção: Bia Viana
Assistente de produção: Marcela Neumayer
Operador de som: Dani Cozendey
SERVIÇO
Espetáculo: “Arigó”
Temporada: De 4 a 26 de agosto (sextas e sábados), às 22h
Local: Teatro Candido Mendes (Rua Joana Angélica, 63, Ipanema)
Informações: (21) 2267-7295
Capacidade: 103 lugares
Ingresso: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Vendas: www.sympla.com.br
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Gênero: Drama
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Fotos: Rafaella Pessoa