Cinco dicas para realizar uma degustação de vinhos em casa

Sommelière da Wine compartilha ideias para degustações e como avaliar a bebida

7 min. leitura
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Você saberia dizer qual a diferença entre beber e degustar um vinho? Conforme Thamirys Schneider, sommelière da Wine, o maior clube de assinatura de vinhos do mundo, beber vinho equivale a consumir a bebida de maneira casual, focando no prazer imediato. Já degustar vinho envolve uma imersão maior, direcionando o foco para a apreciação dos detalhes sensoriais do vinho, podendo levar em conta metodologias de análise. 

As etapas de degustação

“Degustar vinho é uma experiência que vai além de simplesmente beber. Envolve uma análise minuciosa através dos sentidos. As etapas da degustação incluem análise visual, olfativa e gustativa”, diz Schneider.

Conheça a seguir cada uma das etapas de degustação de vinhos:

  1. Observação visual 

Para organizar a experiência, Schneider recomenda servir cerca de ¼ da taça para manter a temperatura ideal e perceber melhor a cor e os aromas. A medida é considerada adequada para manter a temperatura ideal de consumo por mais tempo e destacar melhor a cor e intensidade do vinho, além de liberar melhor os aromas. Escolher um espaço com boa iluminação, de preferência com luz branca, e uma mesa com pano branco, por exemplo, pode auxiliar a observar a coloração dos vinhos. “É interessante se atentar para que a temperatura do ambiente esteja de acordo com o vinho degustado”, acrescenta a especialista. Na etapa da análise visual, a ideia é inclinar a taça sobre um fundo branco para observar a cor e possíveis sedimentos do vinho avaliado.  Às vezes, pela própria cor, já é possível  especular sobre as uvas que o compõem, além de ser possível dizer se o vinho tem envelhecimento em garrafa. 

De acordo com a sommelière, o envelhecimento em garrafa altera a cor do vinho, tanto para tintos quanto para brancos. Os tintos jovens normalmente têm tons púrpura e rubi, evoluindo para tonalidades mais granadas com a idade, podendo até assumir tons mais claros e marrons e um pouco alaranjados. O brilho é essencial para indicar a qualidade do vinho, enquanto a opacidade pode sugerir declínio. Vinhos brancos jovens tendem a ser mais claros, passando para tons dourados ou âmbar com o tempo, enquanto os tintos tendem a clarear. O brilho é um sinal de conservação adequada, e a evolução da cor indica o envelhecimento do vinho.

  1. Análise olfativa

Na segunda etapa, leva-se a taça ao nariz para identificar os aromas, relacionando-os com a memória olfativa. Há vinhos que exalam aromas expressivos de longe.  Nesta fase, é interessante resgatar a memória olfativa e relacionar ao que se sente, dando nome aos aromas. É muito comum as pessoas dizerem que não sentem nada, ou que não conseguem identificar os aromas. “O caminho é simples: treinar o olfato, prestar atenção em cada cheiro presente no dia a dia, seja nos alimentos e em seus preparos, nas flores e plantas e no cheiro de terra molhada.  Outra dica importante é evitar usar perfumes, cremes ou outros cosméticos para não interferir na etapa olfativa da degustação”, diz Schneider.

  1. Análise gustativa 

Na fase gustativa, é preciso permitir que o vinho percorra o paladar lentamente e prestar atenção em sua complexidade e evolução. “Uma boa dica é ‘avinhar’ a boca, ou seja, permitir que o primeiro gole sirva para preparar o paladar. Assim, no segundo gole, você já recebe melhor o vinho e presta mais atenção no que está degustando”,  diz Schneider. Uma vez compreendida a importância de cada etapa da degustação, é preciso escolher uma proposta para realizá-la. 

  1. Os segredos de degustação 

Há duas formas de degustação que são mais populares. Uma possibilidade é a degustação vertical, na qual são experimentadas diferentes safras do mesmo vinho para avaliar como ele evolui ao longo do tempo e sob diferentes condições climáticas. O foco está na análise do terroir e nas interferências das condições naturais ano após ano, além disso, você também consegue perceber como o vinho envelhece ao longo do tempo. Outra proposta é a degustação horizontal, quando são selecionados vinhos de uma mesma safra, mas de regiões ou países diferentes, para comparar características varietais e terroirs. É comum a escolha de uma uva para ser a estrela da degustação, mas, de todo modo, é preciso que seja de países diferentes, independente se são da mesma safra ou não. Por exemplo, se a uva escolhida for Cabernet Sauvignon, cada exemplar degustado desta casta deve vir ou de países diferentes ou de regiões distintas de um mesmo país. 

  1. Degustação às cegas

Para esta proposta, é importante que uma pessoa fique encarregada de escolher os vinhos para a degustação e surpreender quem os for degustar. Essa mesma pessoa deverá esconder os rótulos, seja colando um papel laminado, ou dentro de uma bolsa/sacola para vinhos, enrolando em um papel mais firme. O importante é que o rótulo não fique à mostra. As taças serão servidas sem que se possa dizer qual é o vinho, sem ser impactado pelo rótulo e contrarrótulo. O mais interessante para esta proposta é deixar a sua imaginação fluir ao tentar adivinhar a uva, país, se tem ou não passagem por barrica, se é varietal (uma só uva) ou blend (mais de uma uva). É uma experiência também instigante, pois convida os degustadores para uma atividade nada convencional que os conecta ainda mais com o líquido degustado. 

Além das degustações em casa, há uma série de eventos de degustação e aprendizagens que vêm se tornando populares no Brasil. Nas lojas físicas da Wine, por exemplo, há opções para agendar Wine Games e contar com o suporte de uma equipe de consultores preparadíssimos para guiar a degustação. Procure espaços interativos na sua cidade e surpreenda-se. Participar de degustações, sem dúvida, é um bom caminho para se apaixonar ainda mais pelo mundo dos vinhos e aprender, inclusive, sobre como harmonizá-los. 

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