Em 2023, o Brasil testemunhou um fenômeno econômico surpreendente. Segundo dados do Banco Central, os brasileiros gastaram cerca de R$ 54 bilhões com apostas online, dado que reflete não apenas a popularidade do setor no país, mas também a sua crescente importância econômica.
A recente sanção da Lei 14.790/2023, que regulamenta o mercado de apostas esportivas e outros games no Brasil, marca um ponto de virada porque traz diretrizes claras sobre operação, tributação e publicidade.
A nova lei impõe tributação a empresas e apostadores, estabelece diretrizes para marketing responsável e visa prevenir lavagem de dinheiro e manipulação de resultados. Parte da tributação será destinada a setores como educação e saúde, potencializando a arrecadação governamental.
Renda disponível
Uma pesquisa realizada pela ENV Media revela que a disponibilidade de renda é o principal motivador para 48% dos brasileiros que jogam online. Em outras palavras, ter renda disponível ou excedente, que não é necessária para despesas essenciais, é um fator decisivo que leva quase metade dos jogadores online no Brasil a se envolverem em atividades de jogo online.
Isso sugere que esses jogadores veem as apostas online como uma forma de entretenimento ou lazer que podem se dar ao luxo de aproveitar graças à renda que têm além das necessidades básicas.
A emoção dos jogos é o segundo fator mais influente, com 40% dos jogadores apontando essa razão para a sua participação. Outros motivadores para jogadores online brasileiros incluem a qualidade dos jogos (31%), recomendações de amigos ou familiares (25%) e a regulamentação do mercado (24%).
Público diverso
O perfil dos apostadores brasileiros tem demonstrado uma diversificação notável. Conforme os dados da mesma pesquisa revelam, observa-se uma ampla diversidade em relação às idades, gêneros e níveis socioeconômicos dos participantes.
Desde jovens adultos até idosos, o mercado de apostas online atrai um público heterogêneo que reflete uma variedade de estilos de vida e situações financeiras. Predominantemente, os apostadores se encontram na faixa etária de 25 a 56 anos, havendo uma representação equilibrada de ambos os sexos, e a maioria dos jogadores pertence aos níveis socioeconômicos mais elevados, como as classes A e B.
O público também aposta em jogos de cassino online, como títulos de blackjack ao vivo, que oferecem a experiência de um cassino real com a conveniência da tecnologia. A regulamentação do setor é vista como um catalisador para o crescimento dessa modalidade, que combina a adrenalina de jogos de azar com a acessibilidade da internet.
As preocupações em relação à legalização do setor de jogos de azar incluem perdas financeiras, vício e problemas emocionais. No entanto, a pesquisa revela que a maioria das sessões de jogo online segue um padrão casual e responsável, com a maioria dos jogadores participando esporadicamente ou cerca de uma vez por mês, indicando que, para muitos, a atividade é uma forma ocasional de entretenimento, não um hábito constante.
Promoção de responsabilidade
À medida que o mercado de jogos se expande, a questão da responsabilidade torna-se cada vez mais relevante, desempenhando um papel crucial na proteção dos jogadores e na viabilidade do setor. Essas políticas abrangem uma série de aspectos, incluindo verificações rigorosas de idade, limites de depósito, autoexclusão, transparência nas regras e riscos, apoio e encaminhamento para tratamento, publicidade ética, integridade nos jogos e capacitação dos funcionários.
A colaboração contínua com reguladores é fundamental para aprimorar as práticas, permitindo que os sites implementem medidas eficazes para prevenir comportamentos problemáticos. Segundo a KTO, aproximadamente 2,5% dos usuários utilizam recursos de pausa, o que reflete a conscientização de alguns usuários em relação a hábitos responsáveis de jogo.
A indústria de apostas online no Brasil enfrenta um momento decisivo, com um mercado em expansão, a legalização e a emergência de novas regulamentações. Essa transformação deve trazer benefícios significativos para a economia, mas também exige que a indústria seja mais segura e transparente para os apostadores. Isso, por sua vez, requer inovação, regulamentação consciente e uma abordagem responsável.
Em 10 de janeiro, o Ministério da Fazenda e o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) reuniram-se com empresas de apostas para discutir testes em plataformas de apostas, visando a regulamentação do setor. Esses testes fazem parte de um esforço mais amplo para proteger os interesses dos consumidores, estabelecer um ambiente regulatório claro e ético, e garantir a eficiente transmissão de informações, além da conformidade com as regulamentações.
