A Rede Globo de Televisão completou 56 anos de existência na última semana, e nada mais justo que resgatar aqui um dos seus produtos mais consolidados, as telenovelas.
A primeira telenovela da Globo foi exibida em 1965, seu ano de fundação. “O Ébrio” foi veiculada no horário das oito (atual horário das nove), desde então, a TV Globo expandiu novos horários de folhetins (horário das seis e sete) e desde então, nunca mais parou de produzir novelas, algumas chegando a alcançar o êxito internacional como “Escrava Isaura” e “Avenida Brasil”.
Pensando nisso, decidi preparar uma lista pessoal com as 25 melhores novelas da história da TV Globo. Confira abaixo e relembre um pouco de cada uma entre imagens e textos.
Irmãos Coragem (1970), de Janete Clair
A novela conta a luta dos irmãos João, Jerônimo e Duda (Tarcísio Meira, Cláudio Cavalcanti e Cláudio Marzo) para vencer a dominação do Coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho) na zona mineradora de Coroado, interior de Goiás. João encontra um enorme diamante, fato que vai desencadear a trama.
Foi a primeira novela da Globo a atingir, de fato, todo o Brasil. O país ficou viciado pela obra, que durou um ano no ar. É considerada o primeiro marco da liderança nacional que a emissora teria a partir dali.
Em 1995, a Globo produziu um remake para o horário das 18h, porém sem sucesso.
Selva de Pedra (1972), de Janete Clair
O romance entre Simone (Regina Duarte) e Cristiano (Francisco Cuoco), tumultuado pelos perigos da cidade grande: ambição, dinheiro, poder, convenções sociais. Os vilões Miro (Carlos Vereza) e Fernanda (Dina Sfat) são os principais responsáveis pelos infortúnios do jovem casal.
A novela Selva de Pedra atingiu um clímax inédito, tendo 100% de audiência em um de seus capítulos. Em 1986, a Globo produziu um remake da novela com Tony Ramos e Fernanda Torres nos papéis principais.
O Bem-Amado (1973), de Dias Gomes
O primeiro folhetim colorido da TV. Criticava com humor o Brasil da ditadura militar. A história baseava-se em um prefeito capixaba que tinha como plataforma eleitoral de sua cidade a construção de um cemitério.
Recentemente, o folhetim voltou a ser disponibilizado no Globoplay.
Gabriela (1975), de Walter George Durst
Em meio às questões políticas e sociais, como a seca do Nordeste, a simples Gabriela (Sônia Braga) esbanjou sensualidade no papel de protagonista. A adaptação do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, teve um remake no ano de 2012, e também foi considerada a melhor produção do ano de 1975, pela APCA.
Pecado Capital (1975), de Janete Clair
Com o objetivo de retratar a ambição, a trama contava a história do motorista de táxi Carlão (Francisco Cuoco), que encontra em seu carro uma mala repleta de milhões, fruto de um assalto a banco. Em dúvida sobre entregar a mala à polícia ou se apossar do dinheiro, Carlão decide ficar com a fortuna. O motivo: ele quer reconquistar a ex-noiva, Lucinha (Betty Faria), agora envolvida com o empresário Salviano Lisboa (Lima Duarte). A ascensão de Lucinha acompanha a decadência de Carlão, que termina morto, vítima da própria ambição.
A Globo produziu uma versão em 1998, porém sem sucesso.
Escrava Isaura (1976), de Gilberto Braga
Vendida para 80 países, a novela narra a história de Isaura (Lucélia Santos), uma escrava que desperta a paixão do vilão Leôncio (Rubens de Falco).
Em 2004, a Record TV fez uma adaptação da trama original, que curiosamente, também rendeu bons índices de audiência.
Saramandaia (1976), de Dias Gomes
Em Bole-Bole, os moradores se dividem entre os que querem mudar o nome da cidade e os que preferem mantê-la. A trama também contou com personagens inusitados, como o João Gibão (Juca de Oliveira), que esconde um par de asas e Dona Redonda (Wilza Carla) que come tanto que acaba explodindo, além de Marcina (Sônia Braga), Encolheu (Wellington Botelho), entre outros. O remake foi exibido no horário das 23h em 2013.
O Astro (1977), de Janete Clair
Uma febre que dominou o país. O Astro é sobre a escalada social de Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco), golpista que se disfarça de vidente em uma churrascaria do subúrbio carioca. Ele se aproxima da milionária família Hayalla, e penetra no poderoso grupo empresarial do clã. A morte do patriarca Salomão (Dionísio Azevedo) desencadeia a trama.
O visual de Herculano como vidente, com o turbante azul turquesa e a maquiagem oriental, marcou tanto que foi resgatado no recente remake da obra, em 2011.
Dancin Days (1978), de Gilberto Braga
A novela lançou inúmeras modas. Meias de lurex com sandálias de salto, roupas coloridas e brilhantes, penteados, músicas, perfumes e brinquedos. Considerada uma das tramas mais cultuadas da história, Dancin Days conta a história de Júlia Matos (Sônia Braga) que após sair da prisão depois de 11 anos, tenta conquistar o amor da filha adolescente, Marisa (Glória Pires). Mas a irmã de Júlia, a socialite Yolanda Pratini (Joana Fomm), que criou a sobrinha, faz de tudo para impedir a aproximação de mãe e filha.
Roque Santeiro (1985), de Dias Gomes e Aguinaldo Silva
A novela havia sido proibida em 1975, após ter 30 capítulos gravados. O motivo: Dias Gomes tentou adaptar para a TV sua peça teatral “O Berço do Herói”, proibida pela censura em 1965. A censura descobriu o plano e vetou a novela. Em 1985, dez anos depois de ter sido engavetada, a obra foi finalmente concluída. “Roque Santeiro” estreou em junho e simbolizou a fase da Nova República, com o fim da ditadura militar no Brasil – em março, José Sarney tomara posse como presidente, encerrando o ciclo de 21 anos de militares no poder.
A trama se define ao redor de Roque Santeiro (José Wilker), que retorna à cidadezinha de Asa Branca, 17 anos após ser dado como morto. Roque é considerado santo milagroso na região, e sua volta ameaça os poderosos da cidade.
Vale Tudo (1988), de Gilberto Braga
Raquel e Fátima simbolizavam dois extremos, um que ia pelo caminho da honestidade e o outro daqueles que preferiam levar vantagem em tudo. A trama contava a história sobre a honesta Raquel (Regina Duarte) que vivia um duelo com a filha, a ambiciosa e desonesta Fátima (Glória Pires). Fátima acaba vendendo a casa da família e foge para o Rio de Janeiro. Raquel vai atrás dela, passa a vender sanduíches na praia e torna-se dona de uma rede de restaurantes, enquanto Fátima dá o golpe do baú.
O país se envolveu nas discussões propostas pela novela. Praticamente todos os personagens tornaram-se inesquecíveis, como a alcoólatra Heleninha (Renata Sorrah) e a produtora de modas Solange Duprat (Lídia Brondi). Além da monstruosa vilã Odete Roitman (Beatriz Segall).
Tieta (1989), de Aguinaldo Silva
A novela de maior audiência da história da TV Globo. Teve vários bordões que caíram na boca do povo brasileiro como Mistério!, U-U! e Nos trinques!. Tieta (Betty Faria) volta à sua cidade natal, anos após ter sido expulsa pelo pai. Agora Tieta é rica, mas o que ninguém sabe é a origem de seu dinheiro: ela enriqueceu comandando um prostíbulo. A volta de Tieta tumultua a região, interferindo na vida de todos, principalmente de sua interesseira irmã, Perpétua (Joana Fomm).
Mulheres de Areia (1993), de Ivani Ribeiro
A história das inesquecíveis e gêmeas rivais Ruth e Raquel, fez com que Glória Pires brilhasse. Além de Marcos Frota que conquistou o público interpretando o personagem Tonho da Lua, apaixonado por Ruth, que tinha boa personalidade, ao contrário de sua irmã Raquel.
A Viagem (1994), de Ivani Ribeiro
A trama fala sobre vida após a morte segundo a doutrina espírita. O casal principal da novela foi protagonizado por Christiane Torloni e Antônio Fagundes.
A novela tornou-se um dos maiores sucessos na faixa das 19hs, desbancando a então novela das oito, “Pátria Minha”.
A Próxima Vítima (1995), de Silvio de Abreu
Em plena metade dos anos 90, Silvio de Abreu criou uma novela onde, pela primeira vez, o suspense policial era a espinha dorsal, e todas as tramas estavam subordinadas aos crimes. O público tinha de adivinhar quem matava, e também quem seria o próximo a morrer.
A trama contava a história de um serial killer, que eliminava diversas pessoas. Antes de morrer, cada vítima recebia uma lista com o horóscopo chinês. Em meio aos crimes, acontecia a decadência da família Ferreto, e o triângulo amoroso entre Juca (Tony Ramos), Ana (Susana Vieira) e Marcelo (José Wilker). Na reta final, a novela conseguiu virar assunto nacional, com o público aguardando a revelação do assassino.
O Rei do Gado (1996), de Benedito Ruy Barbosa
Novela de grande sucesso, é mostrada a luta pela posse de terra. O Rei do Gado mostrou a realidade do Brasil rural e traçou forte paralelo com a realidade do país, principalmente na questão dos sem-terra. A trama recebeu o Certificado de Honra ao Mérito no Festival Internacional de Cinema de São Francisco, concorrendo com 1.525 produções de 62 países.
Por Amor (1998), de Manoel Carlos
Helena (Regina Duarte) troca seu filho recém-nascido com o bebê da filha, Maria Eduarda (Gabriela Duarte) que morreu ao nascer. Tudo para impedir que a jovem sofra, fazendo com que seu marido Atílio (Antônio Fagundes) não se conforme.
Laços de Família (2000), de Manoel Carlos
Helena (Vera Fischer) faz de tudo para felicidade da filha, Camila (Carolina Dieckmann), que tem leucemia, desistindo até do amor de Edu (Reynaldo Gianecchini).
O Clone (2001), de Glória Perez
Um dos maiores sucessos internacionais da Rede Globo. O tema abordado foi sobre clonagem humana. O romance ficou por conta da muçulmana Jade (Giovanna Antonelli) e de Lucas (Murilo Benício) que também vive o irmão gêmeo que morre, e seu clone. A novela rendeu à autora inúmeros prêmios no Brasil e no exterior, como o Prêmio INTE (o mais importante da televisão latina) de melhor autor e, prêmios concedidos pelo DEA e pelo do FBI, em razão da campanha pelos dependentes químicos.
Chocolate com Pimenta (2003), de Walcyr Carrasco
Inspirada na opereta A viúva alegre, de Franz Lehár, e também na peça A visita da velha senhora, de Durrenmatt. A novela foi duas vezes reapresentada. A trama se passa em 1922, em que a jovem Ana Francisca (Mariana Ximenes), que vai morar em Ventura com parte de sua família que ela não conhecia. Lá ela conhece Danilo (Murilo Benício) e os dois acabam se apaixonando.
Cabocla (2004), de Benedito Ruy Barbosa
Inspirada em um romance de Ribeiro Couto, Cabocla é uma telenovela que apresenta a história de um homem rico que decide passar uma temporada na fazenda para cuidar de sua saúde. Em meio a uma cidade capixaba, encanta-se por uma cabocla da região. Para viver o romance, os dois têm que enfrentar muitas dificuldades por causa de suas diferenças sociais. A novela foi exibida em 2004, às 18 horas.
O folhetim é um remake da primeira versão exibida em 1979, que era protagonizada por Glória Pires e Fábio Júnior.
Senhora do Destino (2004), de Aguinaldo Silva
A trama conta o embate de Maria do Carmo (Suzana Vieira) com uma das piores vilãs da TV, Nazaré Tedesco (Renata Sorrah).
Alma Gêmea (2005), de Walcyr Carrasco
A história da busca de dois seres apaixonados, um homem e uma mulher, separados pela tragédia, pelo tempo e pelas diferenças sociais até o eterno reencontro. Dividida em duas fases, começa na década de 20 e depois é ambientada nos anos 40. A novela é cercada de misticismo e espiritismo. E teve como protagonistas, o casal Serena (Priscila Fantin), Rafael (Du Moscovis) e a vilã Cristina (Flávia Alessandra).
Caminho das Índias (2009), de Glória Perez
A novela Caminho das Índias foi produzida e exibida pela Rede Globo no horário das 20 horas, durante o ano de 2009. Escrita por Glória Perez, a trama retrata a realidade da convivência entre castas na sociedade indiana. Casamentos prometidos, a luta pelo amor e muita cultura são alguns dos temas abordados que tornaram essa novela tão amada pelo público.
Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro
A inesquecível sede de vingança e ódio visceral permeou durante toda a trama entre Nina (Débora Falabella) e a querida vilã Carminha (Adriana Esteves). Além disso, a novela demonstrou o subúrbio de uma forma diferente e ainda faz sucesso pelo mundo.
Sei que muita gente ao ler este texto vai falar: ‘Poxa, tem muita novela aí que não merecia estar nessa lista’. De fato, porém todas as novelas que a TV Globo produziu foram importantes tanto para a emissora quanto para nós que assistimos, pois passamos a prestigiar um produto que só o brasileiro faz tão bem.
E esse prestígio tornou-se tão importante, que a Globo expandiu a forma de acompanharmos as novelas, hoje em dia, não precisamos esperar a folhetim ir ao ar no “Vale a pena ver de novo”, o Canal Viva e o Globoplay desempenham bem essa função, tanto que o brasileiro ainda perdeu o gosto pelas novelas, o que sem dúvida nenhuma a TV Globo faz de melhor!
Gabriel Ferreira – Estudante de Jornalismo
Faltou Renascer aí na lista…
Concordo com você!