Vanessa Rosa, artista visual brasileira reconhecida internacionalmente por suas obras inovadoras criadas com Inteligência Artificial (IA), é a única representante do Brasil no primeiro leilão da Christie’s New York dedicado exclusivamente à arte e IA – Augmented Intelligence.
Uma das casas de leilão mais prestigiadas do mundo, especializada em arte e itens de luxo, a Christie’s vai realizar a venda online até 5 de março, e as obras estarão expostas simultaneamente nas galerias do Christie’s Rockefeller Center.
“Estarei com a obra ‘Little Martians & Abraham’, que une cerâmica tradicional com IA de ponta para contar uma história sobre consciência, criatividade e o futuro da evolução humana. É tanto uma conquista técnica quanto uma obra profundamente pessoal, celebrando a convergência entre o artesanato ancestral e a inovação digital, enquanto explora o sonho atemporal da humanidade de dar vida às suas criações”, revela Vanessa.

“O momento deste leilão é particularmente significativo. Estamos em um ponto crítico no desenvolvimento da IA, com potências globais disputando o controle desta tecnologia, e é crucial que artistas ajudem a moldar sua evolução. Este leilão representa mais do que apenas um marco comercial – é uma declaração sobre como artistas podem guiar o desenvolvimento da IA para expandir a criatividade humana, em vez de substituí-la. Como brasileira, acredito fortemente na democratização do acesso às ferramentas e ao conhecimento da IA”, completa.
A obra da brasileira que está no leilão histórico da Christie’s, “Little Martians & Abraham”, apresenta Verdelia, uma historiadora que explora suas próprias origens. Estão à venda no leilão a escultura e um NFT da animação.
Entre os artistas que fazem parte do leilão estão três gerações de pioneiros da arte com IA – desde visionários como Harold Cohen e Charles Csuri, passando por figuras transformadoras como Gene Kogan, cujo trabalho explora significado e consciência através da IA, até inovadores contemporâneos, como Refik Anadol, Sasha Styles e Holly Herndon.
Little Martians: Da Argila à Consciência Cósmica
A série premiada ‘Little Martians’ começou em 2020 na Mars College, uma comunidade artística no Deserto de Sonora, Califórnia, onde Vanessa começou a esculpir estes seres pela primeira vez usando argila local e fornos primitivos escavados na terra. O que começou como esculturas físicas evoluiu para uma complexa narrativa de ficção científica enquanto ela explorava tecnologias emergentes – da digitalização 3D e animação até ferramentas de IA de ponta. O projeto cresceu junto com essas tecnologias, experimentando novas possibilidades de narrativa interativa onde a IA permite que personagens se tornem narradores autônomos de suas próprias histórias.
O universo ‘Little Martians’ imagina um futuro no qual a vida da Terra evoluiu para novas espécies através da simbiose, em vez da competição. Inspirado no trabalho revolucionário de Lynn Margulis sobre evolução através da cooperação, nas especulações de Hans Moravec sobre a consciência futura e nas explorações de Pamela McCorduck sobre inteligência artificial, ‘Little Martians’ apresenta uma visão alternativa da evolução onde a complexidade aumentada emerge através da colaboração entre espécies. Estes seres, descendentes de todas as formas de vida da Terra, incluindo a humanidade, mantêm uma vasta simulação preservando as memórias e a imaginação da Terra.

O projeto tem conquistado reconhecimento significativo no mundo da arte internacional. Desde março de 2023, “Brief History of Consciousness in the Simulation” tem sido destaque na Galeria de Arte AI da Nvidia. Em 2024, “Little Martians: Dear Human, My Muse” foi exibido em 30 festivais internacionais de cinema, ganhando 10 prêmios, incluindo o Prêmio Especial Global South no 1º Festival Internacional de Cinema AI da Coreia; Melhor Direção de Arte e Melhor Som Original no International Avant-Garde Film Awards em NYC; e Melhor Diretora de Curta-Metragem no World Film Festival em Cannes. O projeto também se expandiu para a literatura com a publicação de “Carta de Verdelis”, livro infantil lançado no Brasil no ano passado pela editora Viajante do Tempo.
Formada em História da arte, pela UERJ, a carreira de Vanessa começou ainda no Rio de Janeiro, sua cidade natal. Desde 2010, a artista começou a fazer arte de rua, criando murais que misturavam personagens históricos com o ambiente local. Com o passar do tempo, a pintura totalmente livre seguiu um outro caminho: uma mistura de várias mídias. Seu trabalho evoluiu para contos de história mundial e intercâmbio cultural, de azulejos portugueses, geometria sagrada islâmica, porcelana chinesa ao estudo de etnomatemática e padrões dentro de sociedades indígenas. Após a pandemia, em 2020, Vanessa mergulhou na ficção científica.
Em sua trajetória, Vanessa já fez pinturas murais, exposições e outros projetos na América do Sul e do Norte, Europa, África e Ásia. Alguns dos projetos mais importantes incluem a série de livros infantis de história da arte ‘Diana’s World’ (2020), performance em Gray Area (São Francisco 2022), um mural em grande escala para a Pioneer Works (Nova York, 2017) e uma encomenda para a ONU Mulheres (2014).