A coqueluche, infecção respiratória e também conhecida como tosse comprida, voltou a ser uma preocupação crescente no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, houve um aumento nos casos da doença nos últimos anos, refletindo uma preocupação com a redução nas taxas de vacinação, além do crescimento de movimentos anti-vacinas. A doença, causada pela bactéria Bordetella pertussis, afeta principalmente crianças, podendo ser grave, especialmente para bebês menores de seis meses.
O pediatra e intensivista pediátrico, Dr. Ricardo de Abreu, alerta que a doença, que parece estar em um “pico sazonal”, pode ser difícil de identificar nas fases iniciais. “A coqueluche começa de forma muito parecida com um resfriado comum, com tosse, coriza e febre baixa. Mas, com o tempo, ela evolui para crises intensas de tosse, seguidas de uma inspiração ruidosa e prolongada”, explica o especialista. Ele destaca que a segunda fase da doença pode ser bastante debilitante, com risco de complicações graves como insuficiência respiratória, que muitas vezes exige internação e terapia intensiva.
A transmissão da coqueluche ocorre principalmente pelo contato com gotículas expelidas por uma pessoa infectada, seja através de tosse, espirros, fala ou até mesmo respiração profunda. “Embora a transmissão por superfícies contaminadas seja rara, o risco é muito alto em ambientes com grande aglomeração de pessoas, como escolas e hospitais”, alerta o Dr. Ricardo.
Os sintomas variam em três fases. Na primeira, a tosse é leve e difícil de distinguir de um resfriado comum. Na segunda, o quadro se agrava com as características típicas da tosse prolongada e crises intensas de falta de ar. Já na terceira fase, o paciente entra em um longo período de convalescença, mas ainda pode apresentar sintomas debilitantes.
O tratamento da doença inclui repouso, antibióticos (como os macrolídeos), e, em casos graves, pode ser necessário suporte com oxigênio e manobras para aliviar as secreções respiratórias. “É fundamental que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível, para evitar complicações graves”, orienta o médico.
Uma das formas mais eficazes de prevenção da coqueluche é a vacinação. A vacina contra a doença está inclusa na Tríplice Bacteriana (que também protege contra difteria e tétano) e é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde. “É essencial que as crianças recebam as doses de vacina previstas no calendário, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 meses, 4 anos e a cada 10 anos após isso”, lembra Dr. Ricardo. Ele alerta também para a necessidade de reforçar a vacinação de adultos, já que a imunidade contra a doença diminui com o tempo.
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais 3.253, com um aumento preocupante de surtos em algumas regiões, especialmente no Sudeste e no Sul. O especialista acredita que isso está diretamente relacionado à queda nas taxas de vacinação. “Infelizmente, o movimento anti-vacina e o descaso com os reforços vacinais têm gerado uma falsa sensação de segurança, quando, na verdade, a doença continua a representar um risco significativo para a saúde, especialmente para os mais vulneráveis”, afirma.
Dr. Ricardo alerta para os sinais de alerta da doença: “Qualquer tosse que persista por mais de dez dias, sem melhora, ou que seja acompanhada de falta de ar, dor no peito e dificuldade respiratória, deve ser imediatamente avaliada por um médico”. O diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento e para evitar complicações graves.
Por fim, ele destaca que, além da vacinação, outras medidas de prevenção devem ser tomadas, como o uso de máscaras e álcool em gel, especialmente em ambientes de grande circulação, e o isolamento de pessoas infectadas. “É importante evitar o contato com crianças e idosos, que são mais suscetíveis às complicações da doença”, conclui o pediatra.