Etarismo, ageísmo ou “velhofobia”, descrições que correspondem à discriminação por idade contra pessoas com base em estereótipos.
Um preconceito que ganhou as mídias nos últimos dias, depois que três adolescentes debocharam de uma colega caloura de 44 anos, do curso de Biomedicina em uma universidade de São Paulo.
Um fato inadmissível, ocorrido em pleno século XXI, provocando o sofrimento emocional, o afastamento do convívio social, a depressão, entre outras dores psíquicas, em uma mulher em busca de seu crescimento pessoal através do estudo. E o que ainda é pior: atacada por outras mulheres. Um recorte cruel de como as pessoas com mais idade são vistas e tratadas.
Essa falsa ideia de que a idade é um empecilho afeta, consideravelmente, a vida das pessoas, negando o envelhecimento natural e saudável, limitando os desejos e ações de suas vítimas.
O etarismo viola os direitos humanos e costuma ser praticado contra pessoas que nem idosas são consideradas ainda. Além disso, pode se manifestar de muitas formas, desde práticas individuais até institucionais. E todas elas tendem a acontecer mais intensamente em sistemas em que a sociedade aceita a desigualdade social.
Um preconceito que pode, na maioria das vezes, se apresentar de forma sutil. Por exemplo: dizer, em tom de “brincadeira”: “Você está velho demais para isso”. Ou “Isso não é para você, já passou da idade”.
Tipos de práticas etaristas que acontecem todos os dias em todos os lugares. Outro fato característico é quando, estudos nos mostram que as empresas limitam a idade para contratação de novos funcionários, ou seja, acima de 45 anos um candidato pode ser eliminado de um processo seletivo, independente de suas experiências ou habilidades.
Pois, dependendo da área, um profissional pode ser discriminado por julgarem que ele está “velho demais” para determinada profissão. Essa “velhofobia” pode causar diversos problemas para suas vítimas a longo prazo.
A saúde mental costuma ser uma das áreas mais abaladas. Idosos que são constantemente desrespeitados, tratados com desprezo, agredidos ou humilhados têm mais chances de desenvolver baixa autoestima, tendências ao isolamento e depressão.
Porém, cabe aqui uma reflexão ainda mais profunda: a maturidade nos leva, em muitos casos, a buscar a fazer escolhas mais maduras e conscientes.
E será que existe limite de idade para se reinventar? Além disso, se o envelhecer causa desconforto, é preciso buscar ajuda para elevar a autoestima e valorizar o que se tem de melhor e aprender a encarar a vida em todas as suas particularidades, sempre com muita empatia.
O etarismo precisa ser combatido, começando dentro dos nossos lares a atualizar a interpretação preconceituosa enraizada pela sociedade do que significa envelhecer. As crianças precisam compreender o processo de velhice, que faz parte da vida, e a necessidade do respeito. É preciso promover o conhecimento sobre o envelhecimento e aumentar ações para inseri-los na sociedade.
Portanto, as três jovens que cometeram essa agressão contra a colega de faculdade, devem ser incentivadas a olhar para dentro de casa, contemplar suas mães, avós, tias, familiares, amigos e pessoas que, independentemente da idade, fazem acontecer e completam sua rede de apoio. Já para a vítima do etarismo explícito, fica a dica para ressignificar esse fato triste para impulsionar seus desejos de crescimento pessoal e amadurecimento. Evoluindo, sem levar em conta o preconceito que precisa ser combatido e responsabilizado sempre.
Psicanalista (SPM); Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras –cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei); professora na graduação em Psicanálise; embaixadora e diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói; membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza; professora associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; professora associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites; graduada em Letras – Português e Inglês pela PUC de Belo Horizonte.