O Teatro Nacional de Londres foi inaugurado em 1963, com a companhia teatral do próprio teatro, dirigida por Laurence Olivier. A peça escolhida foi um clássico inglês, Hamlet de Willian Shakespeare estrelada por Peter O’ Toole. Em mais de cinco décadas o teatro já produziu mais de 800 espetáculos.
Com uma arquitetura grandiosa de frente para o rio Tamisa, o edifício abriga três teatros, uma livraria e um café, além do espaço livre para encontros e filosofias. Independente do espetáculo, visitar o teatro a qualquer hora do dia é uma possibilidade de respirar arte.
Com ingressos acessíveis e algumas promoções específicas, seria injusto dizer que o Teatro Nacional de Londres só atrai a burguesia, ele desenvolve projetos para jovens, fornece cursos e workshops. Desenvolve um excelente trabalho de fomentar a Cultura e oferecer acesso a arte de tamanha qualidade.
Depois desse recesso do mundo, onde tudo se tornou online, inclusive esse mesmo teatro disponibilizou espetáculos na internet, parece que uma luz volta a se ascender. Sinais de que o palco voltará a ser iluminado logo, nos traz esperança.
O Teatro Nacional de Londres acaba de anunciar a estreia de duas novas produções e planeja reabrir as portas em junho. Isso mesmo, em menos de dois meses em algum lugar do mundo a plateia irá sentar e o ator encenar a sua história.
Aplausos serão ouvidos e certamente algumas lágrimas também cairão. Independente do tema, poder dividir o mesmo espaço de novo, poder respirar o mesmo ar e sorrir da mesma piada em conjunto, será um momento para se emocionar. Um momento que já faz parte da nossa nova história. E para nós do outro lado do oceano, que ainda não conseguimos vislumbrar essa imagem em nosso país, fica a esperança, o exemplo e a certeza de que tudo passa.
A grande estreia será no palco Olivier, é a nova versão de Under Milk Wood, de Dylan Thomas, narra o conflito de uma pequena vila de pescadores, que lutam contra velhos segredos e novos desafios.
Já no palco Dorfman, dirigida por Jeremy Herrin, a peça será uma adaptação do filme After Life de Hirokazu Koreeda, na qual um grupo de pessoas presas na sala de espera entre a vida e a morte tem que decidir por uma memória, na qual passarão o resto da eternidade. Já imaginou? Pelo menos eles terão essa escolha. Na peça Entre quatro paredes de Jean Paul Sartre, o inferno é literalmente os outros, ter que conviver a eternidade com aquele grupo específico.
Apenas a sinopse de uma história já é capaz de nos fazer refletir em aspectos tão profundos, que bênção poder voltar a escutá-las ao vivo. Sentir a vibração, o sangue e o suor. Somos artistas seres dramáticos, mais incansáveis sonhadores, tecedores de esperança.
Podemos até estar no final da fila, mas estamos nela. E logo será o Teatro Amazonas sendo reaberto. Que assim seja!
Fernanda Magnani – Atriz, Professora de Teatro e Palestrante