“Queremos mostrar que um trabalho nascido na periferia com protagonismo preto e favelado tem conteúdo e qualidade artística como qualquer outro trabalho nascido na Zona Sul”, ressalta o diretor Alexandre O. Gomes
O Teatro Chica Xavier, no espaço cultural Terreiro Contemporâneo, será tomado pela reestreia de “A jornada de um herói”. O espetáculo, que emocionou o público, em junho, com apresentações na 12ª edição do Festival de Teatro Universitário (FESTU), está de volta aos palcos elucidando as mazelas que rondam a população negra como o desemprego, racismo estrutural e a desigualdade social. Em cartaz no Teatro Chica Xavier, até 9 de outubro, sextas e sábados 20h e domingos 19h.
Na contagem regressiva, o diretor Alexandre O. Gomes, está otimista para a próxima temporada. “O sistema em que vivemos nos afasta e também afasta algumas pessoas do nosso trabalho, como os críticos e curadores. É sabido que, na maioria das vezes, esses dão preferência a trabalhos mais elitistas. Queremos mostrar que um trabalho nascido na periferia com protagonismo preto e favelado tem conteúdo e qualidade artística como qualquer outro trabalho nascido na Zona Sul do Rio de Janeiro”, ressaltou.
Idealizada por um projeto da Escola Fábrica de Atores & Materiais Artísticos, a peça narra o cotidiano de José, negro, pobre e semianalfabeto, que ao ser dispensado de uma fábrica de carvão ao questionar a diminuição do seu tempo de almoço, que passa de dez para cinco minutos, vai em busca dos direitos como o Fundo de Proteção e Garantia ao Trabalhador Desempregado, como única opção de sustento de sua família.
Premiado na 10ª edição do FESTU, em 2010, nas categorias Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Texto Original, Melhor Cenografia, Melhor Iluminação e Melhor Esquete, o projeto teve início durante a pandemia de Covid-19, quando os estudantes do Laboratório de Estudo e Criação do Movimento, terceiro módulo da Escola Fábrica dos Atores & Materiais Artísticos, desenvolveram cenas curtas para serem apresentadas no mês de junho – de forma online – numa mostra chamada “Solos Reflexivos”. Dentre as cenas estava “A jornada de um herói” que, de cara, mostrava ao grupo a necessidade de ganhar ainda mais espaço pela relevância das narrativas.
Esse espetáculo conta com incentivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.
Com um texto provocativo, o espetáculo reforça a importância de equidade, inclusão e diversidade na sociedade. “A direção de A jornada de um herói é um trabalho aberto e compartilhado em equipe. Nossa função é ser facilitador das possibilidades expressivas para a contação de uma história que seja capaz de se relacionar o tempo todo com o seu público, buscamos incluir a plateia e estabelecer uma relação de afeto, troca, generosidade e empatia”, pontua Alexandre.
Para o diretor, é fundamental que os negros sejam enxergados e vistos como pertencentes de todos os espaços. “Queremos construir um trabalho democrático que alcance a todos. Esperamos atingir um público ainda maior, mas acima de tudo, estabelecer com este público uma interação capaz de provocar a reflexão sobre desigualdade social, racismo estrutural, território e representatividade”, afirmou.
Sinopse:
Após ser demitido de uma fábrica de carvão ao questionar a diminuição do seu tempo de almoço, que passa de dez para cinco minutos, ele vai atrás do seu Fundo de Proteção e Garantia ao Trabalhador Desempregado, como única opção de sustento de sua família. Tal como os heróis de Homero, José enfrenta monstros e diversos outros perigos ressignificados nas dificuldades cotidianas de um homem negro, pobre, semianalfabeto e desempregado, marcando uma verdadeira epopeia urbana em que os percalços de um ônibus cheio, uma fila quilométrica e um gerente de banco esnobe, escancaram, na resistência de José, o seu heroísmo.
SERVIÇO
Local: Teatro Chica Xavier
Endereço: Espaço Cultural Terreiro Contemporâneo – Rua Carlos de Carvalho, 53, Centro, Rio de Janeiro – RJ. Próximo a praça da Cruz Vermelha.
Data: de 23 setembro a 9 de outubro, sextas e sábados 20h e domingos 19h.
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 30 inteira, R$ 15 meia
Programação:
23/09 Sexta – 20h
24/09 Sábado – 20h
25/09 Domingo – 19h
30/09 sexta – 20h
01/10 Sábado – 20h
02/10 Domingo – 19h
07/10 Sexta – 20h
08/10 Sábado – 20h
09/10 Domingo – 19h
Ficha Técnica:
Direção: Alexandre o. Gomes
Direção de Movimento: Alexandre o. Gomes
Atuação: Mateus Amorim
Texto: Mateus Amorim
Cenografia: Alessandra Fernandes
Desenhos: Jean Carvalho
Figurino: Alessandra Fernandes
Iluminação: Alexandre o. Gomes
Operação de luz: Amanda Sibanto
Contrarregra: Karen Menezes
Preparação Vocal: Jane Celeste
Preparação Musical: Adilson Muniz
Trilha sonora original: Mateus Amorim
Assessoria de imprensa: Monteiro Assessoria / Laís Monteiro
Designer Gráfico: Samuel Santiago
Direção de Produção: Alexandre Gomes
Assistente de produção: Thiago Morellato
Produtora executiva: Alessandra Fernandes
Realização: Cia Atores da Fábrica & Escola Fábrica dos Atores
FOTOS: Danilo Sérgio