Valar Morghulis, nação dos Sete Reinos. Hoje, 17 de abril, Game Of Thrones completa oficialmente uma década. Falar da série atualmente é um tanto quanto complicado, já que envolve muitas frustrações diante seu final duvidoso. O seriado da HBO arrecadou quase 60 prêmios Emmy, sendo considerado o maior exemplo televisivo de contar histórias de uma forma tão épica e fascinante, reunindo grandes personagens que fazia o telespectador duvidar frequentemente de seu caráter em todo episódio e uma grandiosa trilha sonora.
Mas como uma série inesquecível pôde se transformar em uma má memória? A conclusão da história não foi das melhores, mas, ainda assim, seria justo definir toda a jornada de Westeros como péssima? Uma coisa é fato: essa decepção seguirá nos corações dos fãs, mas não podemos negar que toda a obra produzida pela dupla D&D (Daniel Weiss e David Benioff) deu vida ao universo de George R.R Martin. Toda a conquista do trono de ferro foi acompanhada por célebres momentos. Se lembrar do pior parece ser mais fácil, mas que tal relembrar o que nos fez começar a assisti-la?
A morte de Ned Stark (1×09)
Esse episódio também é aniversariante, e mesmo após 10 anos, ainda segue sendo atemporal. Para aqueles que nunca tiveram contato com a saga de Martin pelos livros, em As Crônicas de Gelo e Fogo, talvez não esperariam que um personagem de grande destaque viria a morrer na mesma temporada que foi introduzido. Esse era o objetivo da série. Acostumar o telespectador ao desapego e prepará-lo para grandes perdas.
Ned Stark pretendia garantir a segurança das filhas Sansa e Arya confessando sua traição ao Rei. Porém, Joffrey, bastardo de Robert Baratheon, renega a promessa de misericórdia, mandando executá-lo. A partir da morte de Stark, foi declarada a guerra entre as Casas Stark e Lannister.
Daenerys liderando os Imaculados (3×04)
O Saque de Astapor foi um dos grandes momentos não só da terceira temporada, como também de todo o seriado.
Em busca de um exército para sua aguardada luta que enfrentaria assim que pisasse em Westeros, Daenerys negociou com os Mestres de trocar seu dragão pelo comando sobre os Imaculados. Um dos comerciantes de escravos insulta a Targaryen em Valiriano durante toda a sua estadia, jurando que a mesma não entenderia o que estaria falando. Sua tradutora, Missandei, caprichou nos eufemismos ao traduzir tudo o que lhe dizia, também esperando que Duny não compreendesse o idioma.
Entretanto, ao ocorrer a esperada troca, Daenerys confronta o comerciante falando fluentemente Valiriano, que ninguém desconfiava ser sua língua materna. Enunciando que um dragão não é um escravo, vemos pela primeira vez a personagem dizendo a famosa expressão Dracarys, permitindo que Drogon queimasse-o e ordenando que os Imaculados matassem todos os Mestres.
O mais interessante da cena — além de ver tudo pegando fogo por detrás —, é Daenerys dando permissão aos Imaculados de irem embora se quisessem, pois a liberdade os pertenciam. Ao invés de se deleitarem do presente, a mostraram apoio, prometendo servi-la como homens livres.
The Red Wedding (3×09)
De longe, um dos momentos mais chocantes da série. Esse evento foi uma confirmação de que em Game Of Thrones, personagens não são imortais. Se muitos não levaram a crer nessa premissa com a morte de Ned Stark na primeira temporada, iriam aprender de uma vez por todas em uma das chacinas mais inesperadas.
O Casamento Vermelho ficou conhecido como ‘o massacre do Rei do Norte’; momento em que Robb Stark, sua esposa Talisa, sua mãe Catelyn e todos os vassalos da Casa Stark foram assassinados, em um pleno jantar, por Walder Frey. Todo o massacre foi planejado por vingança de Walder com o apoio dos Bolton e Lannister, considerando os Stark traidores depois de quebrarem a promessa com a Casa Frey. O trato consistia no Rei se casar com uma de suas filhas, em troca de permitir que Robb e seu exército atravessasse as Gêmeas — também conhecidas como A Travessia, onde dois castelos idênticos se localizam em cada margem do rio, cortado por uma grande ponte de pedra. É o atalho escolhido por muitos, mas que, em troca, deverão lidar com o antipático Lorde que ali reside.
Como Robb acabou se apaixonando por Talisa, combinou com seu tio Edmure Tully a se casar em seu lugar. Claro que isso não seria facilmente esquecido por Walder Frey, que planejou uma festança de comes e bebes em seu castelo para atacá-los.
Todo o jantar aconteceu tranquilamente, até o momento em que os músicos começaram a tocar The Rains Of Castamere, o sinal de mau presságio. Catelyn já percebendo uma pequena movimentação suspeita e reconhecendo a mórbida música, gritou tarde demais pelo seu primogênito. Em oito minutos de cena vemos a carnificina dos Stark ao som da música tema da própria Casa; que foram tomados por flechadas, esfaqueados e impiedosamente esquartejados. Todo o banquete sangrento, no fim, foi testemunhado por Arya, uma das mais novas dos Stark. Tal acontecimento abriu portas para um importante desenvolvimento da personagem nos futuros episódios, que prometeu a si mesma se vingar de Walder Frey e toda sua Casa
Morte de Joffrey Baratheon (4×02)
O personagem mais odiado, pode-se dizer. E sua morte, aguardada por todos.
A corte estava presente na festança para comemorar seu casamento com Margaery Tyrell e a união à Casa de sua prometida para com o reino. Enquanto degustava de uma torta, pediu para seu tio, Tyrion, trazer-lhe um cálice de vinho tinto — de sangue! — . E é aí que toda a mágica acontece. O sol em Porto Real nunca esteve tão brilhante naquele momento.
Sufocando-se pelo vinho envenenado que descia goela abaixo, morre assustadoramente perante os olhos de todos. Cersei, sua mãe, não perde chances de acusar Tyrion e Sansa. O pequeno Leão é julgado pelo assassinato do Rei de Westeros, enquanto a jovem Stark conseguiu fugir. Temporadas depois, descobrimos que todo o plano foi orquestrado por Petyr Baelish (Mindinho) e executado por Olenna Tyrell.
Julgamento de Tyrion Lannister (4×06)
Essa cena é extremamente especial. Tanto pelo ódio que sentimos pela injustiça, quanto pela perfeita atuação de Peter Dinklage.
Acusado de envenenar o sobrinho, Tyrion é julgado pelo seu pai (Tywin Lannister), Oberyn Martell e Mace Tyrell. Inúmeras ”testemunhas” afirmavam que o anão havia roubado o veneno do estoque do Meistre do reino. A verdade é que não estava surpreso por não ter apoio de todos. O desprezavam pela sua deficiência.
Mas não pôde evitar a decepção de ter visto a sua — até então — amada, Shae, testemunhando contra ele. A prostituta “afirmou” ter ouvido Tyrion e Lady Sansa conspirarem a morte do Rei. Primeiro, pelo ódio ao sobrinho, e segundo, pela vingança da jovem Stark por tudo que Joffrey fez com a sua família — principalmente por ter matado seu pai, Ned Stark.
Diante das mentiras de Shae, temos a melhor cena de Tyrion Lannister, meus caros! O Leão simplesmente ruge para todos que estavam presentes, afrontando cada um deles e inclusive seu pai. Confessa, sem pudor, que realmente gostaria de ser o culpado pela morte de Joffrey, e que vê-lo morrer lhe deu um prazer imensurável. Ao finalizar seu discurso, ordena um julgamento por combate. A música que toca no fundo? Claro que The Rains Of Castamere, novamente. E claro que, com isso, sabemos que o próximo evento que iria suceder não seria nada agradável.
Morte de Oberyn Martell (4×08)
Confesso que lembrar dessa cena me deixa deprimida. Nunca tive tanto carinho por um personagem passageiro quanto com o Oberyn. O insubmisso. Não curvado. Não quebrado — bem, depois desse duelo, já não poderia dizer o mesmo. Piadas à parte.
Como Jaime Lannister não poderia ser o campeão de Tyrion no combate, Oberyn se ofereceu para a luta. Não por uma singela generosidade, mas por poder ter a chance de matar aquele que seria seu rival no duelo: Sor Gregor Clegane, o Montanha, responsável por matar a irmã de Oberyn e os dois filhos dela.
O Martell estava bem confiante de sua vitória durante o confronto, exibindo todas suas técnicas de luta contra seu adversário. Exigia que Montanha confessasse a barbaridade que teria feito com sua irmã, gritando inúmeras vezes para finalmente ouvi-lo admitir, mas, foi ao baixar sua guarda que tudo desandou.
Em segundos, a figura gigantesca lhe atira ao chão, fura seus olhos com os próprios dedos, confessa que assassinou sua irmã e sobrinhos e, por fim, esmaga o crânio de Oberyn. Agora, O quebrado.
O primeiro confronto com os White Walkers (5×08)
Jon Snow e sua Patrulha da Noite chegam a Durolar — comunidade situada Para Lá da Muralha — com a intenção de recrutar os selvagens para lutarem juntos contra os Caminhantes Brancos. Os patrulheiros e o Povo Livre nunca foram próximos por desavenças à parte, mas Jon prometeu que se colaborassem juntos na grande guerra, iria permiti-los que construíssem fazendas ao sul da Muralha. No fim, conseguem convencer em torno de 5.000 selvagens.
Nos preparativos para partirem, Durolar é atacada por mortos-vivos. Correndo às pressas para resgatar o saco com armas de vidro de dragão em uma tenda, Jon é atacado por um Caminhante Branco, lutando arduamente contra ele. A criatura, então, se espanta por não conseguir quebrar a espada de Snow, que é feita de aço valiriano.
Enquanto os patrulheiros e selvagens se metiam no burburinho, também estava presente um Gigante (raça de humanóides que possuem 3 ou 4 metros de altura), auxiliando com suas ‘tamanhas’ pisadas em mortos-vivos.
A cena de batalha é assustadora, já que é quando temos o primeiro contato com a verdadeira ameaça que o Rei da Noite e seus Caminhantes demonstravam ser. A trilha sonora também é algo a ser lembrado, já que sem ela, não teríamos sentido nem 50% dos nossos pêlos arrepiados com toda a cena. Ramin Djawadi compôs duas partes de Hardhome, ambas sombrias. É como realmente sentir um frio chegando, com batidas surpreendentes que repetem e crescem a cada segundo. Quando se firma um silêncio, a batida estrondosa retorna em um susto, em conjunto com cada movimento dos mortos-vivos atacando os selvagens.
Daenerys ressurgindo das chamas (6×04)
Mantida presa pelos Dothraki, e sendo ”oferecida” como prostituta e serva para os líderes do grupo, Jorah e Daario Naharis tentam resgatar Daenerys. Mal sabiam eles, que a Targaryen já tinha um plano em mente.
Duny discursa frente aos Khals com um semblante de poder. Diz que são apenas homens pequenos e que nunca estariam prontos para liderar os Dothraki, e que não haveria alguém melhor para esse papel do que ela. Os homens, claro, atiram risadas e lhe dirigem comentários horríveis, complementando que nunca irão servi-la.
Daenerys encara o líder e responde que nunca esperaria a servidão deles, pois iriam morrer em suas mãos.
E então as labaredas pincelam a cabana matando todos os Khals. A tribo que estava presente se reuniu em torno do fogo que dançava naquela noite, assistindo a Não Queimada sair no meio das chamas e ajoelhando-se perante sua imagem divina.
Batalha dos Bastardos (6×09)
As diversas nuances que se apresentam no universo da série, são uma das características que complementam toda sua autenticidade. Vejamos que, enquanto Daenerys firma a paz em Meereen, em Westeros temos dois bastardos nortenhos se enfrentando na batalha que, diante todas as outras que já aconteceram, essa pode ser classificada como a mais violenta.
Todo o combate acontece fora de Winterfell, sede do Norte. Ramsay Bolton, o sádico, tendo o Stark mais novo Rickon como refém, faz o menino correr pelo campo em direção a Jon. Disparando inúmeras flechas em sua direção, Snow tenta salvá-lo, mas, sem êxito. Rickon acaba sendo morto por uma flechada.
Não sou tão fã da Casa Stark, mas é inegável o apreço que você constrói pelos irmãos. Toda a cena envolvendo a ansiedade do menino Rickon correndo desesperado, ao encontro de Jon, é efervescente. E ao vermos o menino no chão, já morto, já esperávamos que o que viria pela frente, seria assombroso.
Dada a largada para a batalha, somos guiados por Jon, completamente perdido em um amontoado de soldados e cavalos. E aí entra o trabalho incrível de Ramin Djawadi, introduzindo a música Bastard no momento em que o exército de Snow é cercado por uma pilha de corpos de homens. A melodia inicial arrastada nos traz a sensação de sufocamento, mas os violinos que sucedem finalizando a faixa, é melancólico e desesperançoso.
As tropas de Bolton formam um círculo em volta dos soldados de Jon, enquanto muitos de seus homens tentavam escapar escalando as paredes formadas por corpos daqueles que foram abatidos. No meio da correria, Snow é pisoteado, lutando para se levantar. Mas Trust Each Other marca o triunfo com a chegada dos Cavaleiros do Vale, liderados por Sansa e Mindinho, para dar forças à tropa Stark que estava condenada. A cavalaria avança em direção do exército de Ramsey, atropelando-os, ao som de uma vitória escandalosa. Violoncelos também travavam uma batalha contra os crescentes angustiantes de Djawadi, intensificando a cena em níveis extraordinários.
Explosão do Grande Septo de Baelor (6×10)
A sexta temporada foi, de certa forma, marcada por muitos acontecimentos. Jon Snow foi descoberto como Targaryen, temos a Batalha dos Bastardos, Daenerys construindo solidamente sua força para avançar em direção a Westeros. Mas talvez nada conseguiu atingir o suprassumo que foi a cena de destruição do Septo.
Se vingando de seu julgamento pelo Alto Pardal, que a obrigou a fazer a Caminhada da Vergonha desfilando nua pelas ruas de Porto Real, Cersei Lannister explode o Grande Septo de Baelor durante o julgamento de Sor Loras Tyrell, matando todos da Casa de Jardim de Cima — com exceção de Olenna Tyrell —, e grande parte da corte real.
Dezenas de barris de fogovivo estavam nos túneis debaixo do Grande Septo desde a era do Rei Louco e a Rebelião de Robert Baratheon. Cersei, então, orquestrou de incendiá-los. A rainha Margaery, que estava presente no julgamento do irmão, percebeu que algo não estava certo a partir do momento que a Lannister não havia chegado junto com o Rei Tommen. Às pressas, tentou deixar o Septo com Loras, chamando a atenção de todos para irem embora também, sendo impedida pelos Pardais.
Mais uma vez, a música foi crucial em cada segundo de cena. O plano de Cersei é posto em prática ao som de Light Of The Seven, a melhor faixa de toda a trilha sonora da série, diga-se de passagem. Foi um verdadeiro abre alas para um desesperador órgão, amargo, simultâneo ao violoncelo melancólico induzido pelas chamas verdes que engoliam tudo pela frente, colocando toda a estrutura abaixo.
Cersei Lannister aprecia de longe, de sua sacada, sua vingança criando vida. Um sorriso de lado e uma taça de vinho nunca lhe couberam tão bem.
Daenerys indo para Westeros (6×10)
A sexta temporada não foi tão apreciada pelos fãs, pois o ritmo da narrativa não estava muito convincente. Mas fomos surpresos, em seguida, por grandes eventos que levaram a season finale ao seu ápice.
Enquanto Cersei degustava do seu plano perfeito de explodir o Grande Septo em Porto Real, no mesmo episódio temos a Targaryen retomando Meereen com seus dragões e cessando a guerra civil que se instalava por lá, concluindo a polêmica temporada com Daenerys finalmente em alto mar com sua espetacular frota a caminho de Westeros.
No tempo que observamos os grandes aliados de Daenerys acompanhando-a — dothraki, imaculados e os irmãos Greyjoy —, seus três dragões dançam pelo céu ao som do coral vitorioso de The Winds Of Winter, onde vemos em larga escala todo o poder que a Nascida da Tormenta reuniu em suas mãos.
Arya matando Walder Frey (6×10)
Muitos anos se passaram desde a perda da sua família, mas a sua lista, com vários nomes daqueles que feriram os Stark, foi levada a sério até o fim.
Em sua saga de ser “ninguém” na terra de Braavos e falhando, descobre no fim que é apenas Arya Stark, retornando a Westeros para prosseguir com seu plano. Ao chegar nas Gêmeas, assume a identidade de uma serva da Casa Frey, matando Walder e seus dois filhos, vingando o Casamento Vermelho.
Já no primeiro episódio da sétima temporada, ainda acompanhamos Arya assumindo a face do Lorde Walder e envenenando todos os seus vassalos em um banquete. O Norte se lembra.
A queda da Muralha (7×07)
Acredito que muitos não se lembram desse evento assustador. Até porque, alguém esperava a Muralha, construída há mais de oito mil anos, com duzentos metros de altura e feita de gelo sólido e rocha; desabar? Mas aconteceu. E no último episódio da temporada.
Tudo parecia sob controle até Tormund avistar um Caminhante Branco saindo das florestas. Não somente ele, como o exército de mortos-vivos. E…infelizmente, também, não somente o exército, mas acompanhados pelo dragão que Daenerys perdeu ao salvar Jon e sua Patrulha. Sendo comandado pelo próprio Rei da Noite, o dragão morto-vivo avança em direção à Muralha, queimando-a o suficiente para desabar grande parte. Muitos patrulheiros foram perdidos durante a queda.
Tivemos muitas teorias criadas após a season finale, indicando que, talvez, a Muralha não teria caído de verdade, e sim, que foi apenas uma visão de Bran Stark. Esperar pela oitava temporada após esse evento e a chegada decepcionante da mesma, pode ser considerada a pior memória que os fãs obtiveram.
Ana Luiza Portella – estudante de jornalismo
Série inesquecível com momentos bons e ruins, porém não tem como não amar!
Amei o texto <3
Com certeza inesquecível! 10 anos dessa série incrível muito bem representados pelas palavras da autora, amei! ❤️